sábado, 27 de novembro de 2010

Por que as crianças sentem medo?


O medo faz parte da natureza humana. É um estado emocional que ativa os sinais de alerta do corpo diante dos perigos e uma importante etapa do amadurecimento afetivo de bebês. A tarefa dos pais é ajudá-los a lidar com os próprios temores, que tendem a florescer ainda mais nos primeiros aninhos de vida. Mas qual o limite entre o medo normal e o exagerado? O que fazer quando o pequeno começa a sofrer? Para a psicóloga Maria Tereza Maldonado, de São Paulo, o saudável é buscar o equilíbrio. “A falta de medo expõe a criança ao risco e o excesso dele faz com que ela se feche, numa espécie de prisão sentimental”, explica a especialista. “O ideal é ajudar a criança a identificar o medo ‘amigo’ e o medo ‘inimigo’. O primeiro ela deve obedecer, e o segundo, desobedecer.”

Na prática, o que se espera é que o pequeno aprenda a dominar seus temores e não ser dominado por eles, assim como acontece com os adultos. A diferença é que meninos e meninas têm uma percepção mais inocente dos acontecimentos, uma imaginação bastante fértil e uma menor capacidade de discernimento dos fatos. “Esses três ingredientes juntos transformam um simples ralo de piscina na mais pavorosa ameaça à vida humana”, ilustra Maria Tereza, cujo filho passou por essa situação. “Ele viu uma folha ser tragada pelo ralo e deduziu que o mesmo aconteceria com qualquer um que entrasse na água.”

Identificar a origem ou mesmo a existência do medo infantil exige dedicação. É preciso estar atento aos sinais demonstrados pela criança e saber conversar com ela sobre o que lhe causa pavor. Os pais e os responsáveis devem dar corda e valorizar tudo o que a garotada diz. Também precisam lembrar-se de que nem sempre os pequenos se comunicam por palavras. “A oportunidade de se expressar dá à criança a chance de encontrar a saída sozinha”, garante Maria Tereza.

Sintomas

O medo excessivo causa reações fisiológicas e comportamentais na criança. Coração palpitante, calafrios, suor nos pés e nas mãos, sono intranquilo, descontrole para fazer xixi, diarreia e dor de barriga são alguns dos indícios do problema. “Quando esse quadro se instala, a saúde da criança pode ser prejudicada por causa de uma desidratação ou anemia, por exemplo”, alerta a psicopedagoga Eliane Pisani Leite. As reações comportamentais – inibição e agressividade – por sua vez prejudicam a rotina da criança, mas podem se agravar e virar fobias, caracterizadas por reações exageradas que fogem ao controle da criança. Para detectar essas situações o quanto antes, conheça os principais tipos de medo.

Texto extraído do site:



Um medo (diferente) por idade


Conheça os mais comuns:

ATÉ 7 MESES

De barulhos inesperados e luzes fortes.

- Para ajudar: Evite expor a criança a qualquer estímulo intenso. Se não for possível, faça de maneira suave e verifique como ela reage.

DE 7 MESES A 1 ANO E MEIO

De pessoas, ambientes e objetos novos; de perder os pais, pois acham que pessoas desaparecem quando não estão ao alcance de seus olhos.

- Para ajudar: O pai, a mãe ou o cuidador devem estar presentes quando o bebê for exposto a situações novas.

DE 1 ANO E MEIO A 3 ANOS
Do escuro, de pessoas com máscaras ou fantasias, de ficar sozinho.

- Para ajudar: Ao encontrar alguém fantasiado, aproxime-se devagar e mostre que é apenas uma roupa diferente. Se ele não gostar, não force.

DE 3 A 5 ANOS

De monstros, fantasmas, da escuridão, de animais, chuva, trovão, de se perder.

- Para ajudar: Respeite a criança, permitindo que se expresse, e explique que nada lhe acontecerá de mal. Quanto ao medo de se perder, faça-a decorar o nome inteiro e o telefone de casa e a ensine a pedir ajuda. Ela se sentirá mais segura.

A PARTIR DOS 5 ANOS

De ser deixado na escola, de bandido, de personagens de terror.

- Para ajudar: Insegurança melhora com diálogo. Se o medo for de bandido, reforce, por exemplo, a importância de ficar perto de adultos conhecidos. Para a criança se sentir segura, diga que alguém sempre estará cuidando dela na escola.

A PARTIR DOS 6 ANOS

Da própria morte e da dos pais, pois já a entende como algo irreversível; de ser criticado.

- Para ajudar: Se houver perguntas sobre morte, não invente histórias absurdas, diga a verdade de forma delicada. E quanto às críticas: explique que elas nos ajudam a melhorar.

Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo

Texto extraído do site:



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tão pequeno, tão quietinho


A criança vive quietinha, raramente expressa uma opinião, quase nunca está interagindo com amiguinhos ou ocupando posição de destaque nos grupos sociais. Trata-se de uma criança tímida e que precisa urgentemente de tratamento, certo? Errado! A timidez infantil excessiva precisa ser detectada e tratada com o auxílio de psicólogos, pais e educadores. Antes, porém, é necessário compreender que cada pessoa tem suas próprias tendências comportamentais, que precisam ser cuidadosamente observadas e respeitadas.

Segundo a psicóloga Angélica Capelari, o principal critério para detectar a timidez excessiva em uma criança é verificar se, de alguma maneira, ela se sente prejudicada ou tem problemas de para realizar suas atividades por conta de seu comportamento reservado.

"Atualmente, as crianças passam mais tempo na escola do que na companhia de seus pais. Por isso, é geralmente no ambiente escolar que se detecta mais facilmente a timidez excessiva. Alguns sintomas dessa dificuldade emocional seriam a ausência nas brincadeiras, apatia, dificuldade para se comunicar com amiguinhos e professores e dificuldades no aproveitamento escolar", diz a psicóloga.

Educar sem comparar

Quando a timidez excessiva é detectada há a necessidade de criar uma "equipe" para auxiliar a criança: pais, professores e um psicólogo especializado são os principais integrantes desse time. Eles ajudarão a identificar as causas da inibição e encontrarão os melhores caminhos para facilitar a relação da criança com o mundo.

"A maioria das causas da timidez excessiva em crianças está relacionada a problemas de auto-estima", afirma a psicóloga. Portanto, os adultos devem evitar fazer comparações entre as crianças. É prejudicial, por exemplo, uma criança reservada ser constantemente comparada a um irmão mais extrovertido ou ainda ser cobrada para falar mais ou participar ativamente das ações familiares.

Muitas vezes, ao ser comparada aos outros, a criança passa a desenvolver um complexo de inferioridade, que pode levá-la a se fechar em seus relacionamentos. É preciso lembrar sempre que cada pessoa tem suas peculiaridades e merece ser respeitada como é.

Para melhorar o quadro de timidez excessiva, uma das dicas indicadas pelos especialistas é inserir a criança em atividades coletivas, sejam lúdicas, artísticas ou esportivas. No entanto, é importante que se trate de uma atividade que traga prazer ao pequeno e que incentive o sociabilizar.

Aos poucos, é possível que a criança comece a modificar o seu comportamento e passe a sentir mais segura - e feliz - ao se relacionar com outras pessoas.

Angélica Capelari é psicóloga clínica formada pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e professora da Faculdade de Psicologia da Universidade Metodista.

Texto extraído do site:


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dúvida


Sri Ramakrisna conta que um homem estava preste a cruzar um rio quando o mestre Bibhishana se aproximou, escreveu um nome numa folha, amarrou-a nas costas do homem, e disse:

- Não tenha medo. Sua fé lhe ajudará a caminhar sobre as águas. Mas no instante em que perder a fé, você se afogará.

O homem confiou em Bibhishana, e começou a caminhar sobre as águas, sem qualquer dificuldade. A certa altura, porém, teve um imenso desejo de saber o que seu mestre havia escrito na folha amarrada em suas costas.

Pegou-a, e leu o que estava escrito:

“Ó deus Rama, ajuda este homem a cruzar o rio”.
“Só isto?”, pensou o homem. “Quem é esse deus Rama, afinal?”

No momento em que a dúvida instalou-se em sua mente, ele submergiu e afogou-se na correnteza.


Texto extraído do site:

http://paulocoelhoblog.com/


domingo, 21 de novembro de 2010

O que é TDAH? Parte II


Quais são os sintomas de TDAH?

O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:

1) Desatenção

2) Hiperatividade-impulsividade

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Quais são as causas do TDAH?

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).

Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.

A) Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).

Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.

Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDAH.

A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDAH.

B) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.

C) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.

D) Exposição a chumbo:

Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.

E) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais consequência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).

Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.

F) Outras Causas

Outros fatores já foram aventados e posteriormente abandonados como causa de TDAH:
1. corante amarelo

2. aspartame

3. luz artificial

4. deficiência hormonal (principalmente da tireóide)

5. deficiências vitamínicas na dieta.


Todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente e foram desacreditadas.


Texto extraído do site:

http://www.tdah.org.br/



O que é o TDAH? Parte I


O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

Existe mesmo o TDAH?

Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.

Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH?

Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este respeito. Consenso é uma publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo, incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham necessariamente as mesmas ideias sobre todos os aspectos de um transtorno.

Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?

Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.

No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer pesquisa demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum grupo científico. Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam casos que somente eles conhecem porque nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sites na Internet, mas nunca apresentaram seus “resultados” em congressos ou publicaram em revistas científicas, para que os demais possam julgar a veracidade do que dizem.

Os segundos são aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente daquilo que é atualmente preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo correto.

Tanto os primeiros quanto os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com medicamentos causa consequências terríveis. Quando a literatura científica é pesquisada, nada daquilo que eles afirmam é encontrado em qualquer pesquisa em qualquer país do mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos: apesar de terem uma “aparência” de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que comprovasse o que dizem.

O TDAH é comum?

Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.

Texto extraído do site:

http://www.tdah.org.br/


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Gagueira Infantil


Percebi que o assunto é de grande interesse e por isso, estarei postando artigos de outros autores também.

Minha fala parece uma rua cheia de lombadas (Lucas, 9 anos)

Até hoje, há quem aconselhe os pais de crianças pequenas que começam a gaguejar a simplesmente "ignorar o problema" que este desaparecerá com o tempo. De fato, algumas crianças superam suas dificuldades sozinhas, mas - é aí que mora o problema - algumas não. Como saber a que grupo pertence uma determinada criança? A primeira orientação a ser dada para os pais de crianças que começam a apresentar gagueira é justamente não ignorar o problema. Clínicos concordam que o problema da gagueira é muito mais fácil de se prevenir em crianças do que se tratar em adultos. O fato de detectar precocemente e se tomarem as medidas necessárias, é uma das mais valiosas contribuições que um fonoaudiólogo pode oferecer. Algumas perguntas devem ser respondidas e este profissional é o mais indicado para fazê-lo:

- A criança está mesmo gaguejando?

- Se está, quanto o problema progrediu?

- Quando começou?

- Que fatores estavam associados ao aparecimento do problema?

- Quão ciente está a criança do fato de que sua fala está bloqueada?

- Como os ouvintes tentam ajudá-la e como ela responde às suas atitudes?

- Como podemos alterar o ambiente da criança para evitar que o problema se torne pior?

Parte do tratamento de uma criança que está começando a gaguejar é amplamente indireto: trabalha-se para mudar o ambiente através da orientação aos pais. Diversas variáveis devem ser controladas: é útil verificar em que circunstâncias a criança tem as maiores interrupções na fala. Com quem ela mais gagueja? Em que ocasiões (por exemplo: quando está muito cansada, excitada?) A partir do momento em que se descobre como e quando a criança está hesitando, deve-se procurar a modificação destas circunstâncias.

Cabe ao fonoaudiólogo prover sugestões gerais e específicas para mudar a interação no lar e relacionamento pais-filhos a fim de propiciar uma melhora na comunicação. Quando se pode intervir antes que a criança desenvolva medo e reações de fuga e os pais são abertos à orientação, o prognóstico de remissão da gagueira é excelente.

O que pode ser mudado no ambiente da criança:

- Nunca diga para não gaguejar.

- Não faça a criança mais ciente da gagueira do que já está; mas, por outro lado, não faça uma conspiração de silêncio em torno do problema. (Simplesmente ignorar o problema, não resolve).

- Faça a criança se sentir aceita e amada.

- Nunca discuta sua gagueira com outros na sua presença.

- Evite compará-lo com irmãos ou outras crianças.

- Não se deve apenas tentar mudar as atitudes e comportamentos em relação a como a criança fala, mas também tentar modificar as outras atitudes da família, como por exemplo, reduzir a tensão e a ansiedade em geral.

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR:

Crianças de aproximadamente 6 a 12 anos de idade não estão apenas começando a gaguejar; eles lutam quando falam e podem apresentar sinais de medo, frustração e ansiedade. O ciclo de perpetuação já se iniciou e agora é necessário tratar diretamente da gagueira.

O fonoaudiólogo deve preparar uma descrição do padrão da gagueira da criança:

- Quão frequentemente ela bloqueia?

- Quão severas são as disfluências?

- Quão complexo é o momento da gagueira?

Deve também notar comportamentos de fuga, reações de medo e sinais de frustração. Também é importante saber como a criança se vê em relação a seu problema.

Para o tratamento desta faixa etária, utilizo um programa baseado na abordagem do condicionamento operante de Bruce Ryan (1975), baseada no pressuposto de que a gagueira é um comportamento aprendido e que este pode ser desaprendido ou modificado suficientemente para capacitar a criança a falar com razoável fluência. Fatores cruciais para a melhora incluem: pais que cooperam e que participam de um programa de aconselhamento; nenhum registro anterior de tratamento mal sucedido; ausência de outros problemas significativos (outras dificuldades); e quando a criança tem outras fontes de sucesso (esporte, música, por exemplo).

Não se deve usar eufemismos como "este probleminha de fala" e evitar a palavra gagueira: as crianças desta idade respondem a uma abordagem aberta, honesta e objetiva.

Fernanda Papaterra Limongi
Fonoaudióloga - PUC-SP
Pós-graduação e especialização em Afasia e Gagueira na University of North Dakota - USA

Texto extraído do site:
http://www.abragagueira.org.br/


domingo, 14 de novembro de 2010

GAGUEIRA


Por Heloísa Miguens de Araújo

GAGUEIRA NA CRIANÇA


A gagueira significa muitas coisas:

- insuficiência linguística (criança com mais de 4 anos);

- ansiedade na comunicação;

- falta de organização motora da fala.

O que é importante é não fixar a gagueira:

- evitar observações que deem ênfase ao gaguejar;

- atitude de espanto do interlocutor (fixando: tem uma coisa errada aqui!);

- evitar que a criança se exponha mais naqueles dias ou momentos em que ela está gaguejando mais.

O que ajuda:

- dar o exemplo de falar com tranquilidade, pai ou mãe ou professor falando devagar;

- contar histórias para a criança, desenvolvendo vocabulário e o modelo de fala (repetir a mesma história muitas vezes, a criança mesmo vai pedir a mesma história, repetindo e fixando palavras, expressões, idéias, pensamentos, etc.;

- pedir a criança que conte as histórias que ouviu, relate casos ou acontecimentos;

- elogiar a criança quando se expressa bem, reforçando a fluência.

Em caso de persistência, procure um fonoaudiólogo.

GAGUEIRA NO ADULTO

Falar é um ato, uma ação. Uma forma de expressão oral ou verbal.

É um comportamento que depende de muitos fatores, como integridade dos órgão da fala, desejo ou necessidade de se comunicar, conhecimento da língua.

Há tantos modos diferentes de falar quanto a imensa variedade do ser humano. Falar é uma aprendizagem, uma ação que se aprende e se desenvolve pela vida a fora.

Gaguejar é um comportamento particular de falar, que o indivíduo desenvolve, com uma grande variável de características, tensão muscular, tensão respiratória, repetição de fonemas, alongamento de fonemas, repetição de palavras, movimentos "auxiliares" de rosto, ou de braços ou qualquer parte do corpo; movimento de fuga dos olhos e outras tantas formas diferentes quantas forem as pessoas que gaguejam.

É natural em qualquer pessoa, em algum momento, hesitar ao falar, retroceder na formulação da frase ou do pensamento; a insegurança em algumas vezes se reflete na forma de falar, assim como a raiva, o amor ou qualquer sentimento.

É natural a pessoa gaguejar em alguns momentos. A frequência que possa ocorrer nessas hesitações, repetições, fugas é que faz a diferença.

Assim como a pessoa desenvolve a fala, também desenvolve o gaguejar. O gago vai "aprimorando" esse comportamento, sem o saber, porque com o tempo vai adicionando outros componentes a sua forma de falar, como tensão de alguma parte do corpo, movimento de piscar de olhos, etc.

Muitas vezes passa a fugir de determinadas palavras, ou situações, chegando até a afetar a sua auto-estima.

É necessária uma conscientização ou seja um levantamento minucioso da sua forma de falar, os aspectos envolvidos, posterior dessensibilização dos maus hábitos e paralelamente o estudo ou a observação dos bons padrões de fala, modelando e treinando os diferentes aspectos envolvidos.



terça-feira, 2 de novembro de 2010

As duas gotas de óleo



Aí vai uma excelente dica de leitura.

Certo mercador enviou seu filho para aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto, até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha. Lá vivia o Sábio que o rapaz buscava.

Ao invés de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma atividade imensa; mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma pequena orquestra tocava melodias suaves, e havia uma farta mesa com os mais deliciosos pratos daquela região do mundo.

O Sábio conversava com todos, e o rapaz teve que esperar duas horas até chegar sua vez de ser atendido.

Com muita paciência, escutou atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo de explicar-lhe o Segredo da Felicidade.

Sugeriu que o rapaz desse um passeio por seu palácio, e voltasse daqui a duas horas.

– Entretanto, quero lhe pedir um favor – completou, entregando ao rapaz uma colher de chá, onde pingou duas gotas de óleo. – Enquanto você estiver caminhando, carregue esta colher sem deixar que o óleo seja derramado.

O rapaz começou a subir e descer as escadarias do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher. Ao final de duas horas, retornou à presença do Sábio.

– Então – perguntou o Sábio – você viu as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim que o Mestre dos Jardineiros demorou dez anos para criar? Reparou nos belos pergaminhos de minha biblioteca?

O rapaz, envergonhado, confessou que não havia visto nada. Sua única preocupação era não derramar as gotas de óleo que o Sábio lhe havia confiado.

– Pois então volte e conheça as maravilhas do meu mundo – disse o Sábio. – Você não pode confiar num homem se não conhece sua casa.

Já mais tranqüilo, o rapaz pegou a colher e voltou a passear pelo palácio, desta vez reparando em todas as obras de arte que pendiam do teto e das paredes. Viu os jardins, as montanhas ao redor, a delicadeza das flores, o requinte com que cada obra de arte estava colocada em seu lugar. De volta à presença do Sábio, relatou pormenorizadamente tudo que havia visto.

– Mas onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei? – perguntou o Sábio.

Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado.

– Pois este é o único conselho que eu tenho para lhe dar – disse o mais Sábio dos Sábios. – O segredo da felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo, e nunca se esquecer das duas gotas de óleo na colher.

do livro “O Alquimista” um dos 20 livros mais vendidos de todos os tempos.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vamos esquecer um livro?



Os blogs da Fernanda Reali e da Isadora estão promovendo uma ideia super genial para proporcionar uma leitura divertida e inusitada.

"Então vamos a ideia: convidamos os amigos a separarem um bom livro, apenas um e no dia 08/11, simplesmente, o esquecerem em algum lugar público. Ônibus, metrô, banco de praça, qualquer lugar vale. Dentro do livro deve conter um bilhete informando que aquele livro foi esquecido naquele lugar justamente para que quem alguém o encontrasse e lesse. A única regra: passar o livro adiante, ou seja, após lê-lo fazer o mesmo esquecê-lo em um lugar público e assim dar a oportunidade de que outra pessoa leia.

E aí, o que vocês acham? Topam participar? Então dia 08/11 fica instituído o dia em que um pequeno grupo de pessoas ajudou a levar um pouco de boa leitura as pessoas."

Participem!


Ler ou não ler? Eis a questão...


 
Por Dalila Teles Vera

O brasileiro não lê porque o livro é caro? Errado. O brasileiro não lê porque não o acostumaram a ler. O preço do CD é equivalente ao do livro e, no entanto, vendem-se CDs aos milhões enquanto que uma edição de sucesso de uma obra literária, não ultrapassa, em média, três mil exemplares. Não podemos esquecer também das bibliotecas onde um livro não custa nada, basta retirá-lo, além dos "sebos", livrarias de livros usados, onde se pode adquirir raridades por preço de banana.

Na verdade, a grande maioria dos brasileiros não lê porque na escola não o ensinaram a ler, no sentido mais profundo da palavra, ou seja, apreender o que está escrito, refletir, questionar, "viajar" com um texto.

Obrigar o aluno a ler um livro de literatura com a obrigatoriedade de responder a um questionário elaborado pelas editoras, para o qual o professor possui as respostas, também elaboradas previamente, é decretar uma sentença definitiva: -Você nunca será um leitor. Fazer o aluno decorar escolas literárias e todas as suas características sem nunca ler uma obra sequer de um dos autores que dela fizeram parte (o que importa é saber as questões que vão cair no vestibular) é outro pequeno assassinato que deveria ser severamente punido.

A indústria da educação brasileira, ensina apenas para o aluno passar no vestibular. A formação humanística, a compreensão do mundo através de sua história, não está em questão. A questão é "passar ou passar", ou seja, competir e ganhar a corrida para a glória do canudo universitário.

A leitura deveria ser passada para a criança e os adolescentes como uma busca, uma ação lúdica e prazerosa, que pode perfeitamente substituir com igual grau de prazer uma ida ao cinema, um dia na praia ou um churrasco no sítio, sem qualquer remorso.

Todos aqueles que já descobriram o prazer da leitura, o gosto de elaborar, ele mesmo, o "seu" personagem, a "sua" paisagem, voltar a página e emocionar-se de novo com aquelas cenas que mais os tocaram, jamais abrirão mão dessa "descoberta". É um vírus que, uma vez contraído, não tem mais cura. É um não acabar mais de descobrir; uma leitura vai sempre remetendo a outra e a vida torna-se tão curta para tanto livro a ser lido.

Só mesmo o portador desse vírus sabe avaliar a diferença entre a "viagem" da leitura e a cena dada pronta, como a daquela via TV. Assistir TV é cômodo e chega a ser hipnótico. Não há participação de quem está do lado de cá, o espectador é passivo, recebe o prato feito, não tem possibilidade de criar, de imaginar, de "viajar". A cena que ele está vendo é só aquele cena, a mesma cena que outros milhões de telespectadores também estão vendo. Ao passo que, no ato de ler a mesma página de um livro, um mesmo poema que tantos outros já leram, entra em jogo o nosso poder de imaginar, de recriar, próprio do ser humano e que os meios de comunicação de massa encarregaram-se de destruir.

Quem possui livros jamais está só. Fazem-lhe companhia os melhores espíritos da humanidade, encantados em suas páginas, esperando apenas as mãos que os folheiem, para que, num passe de mágica, se desencantem e cumpram o fato estético de que falou Borges: o livro aberto e a vida recriada.

Ninguém é o mesmo depois de ler um bom livro, ninguém sai ileso dessa empreitada. A literatura modifica, transforma, porque faz refletir e sonhar. A televisão, ao contrário, foi feita para não dar tempo de pensar; não informa porque é veloz e fragmentada e não propicia um visão de compreensão de mundo, como um todo e nem a compreensão da história, como processo e acúmulo de valores agregados. Após a décima notícia do Jornal Nacional, o espectador não consegue mais lembrar da primeira, nem da maioria, devido à incrível rapidez da linguagem televisiva, feita propositadamente para alienar.

Quem ainda duvidar, tente ainda hoje: troque uma hora da televisão pela leitura de algumas páginas da melhor literatura. O resultado será, garanto, altamente compensador.

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