quarta-feira, 12 de outubro de 2011

10 motivos para seu filho fazer teatro


Por Iana Chan

Os cursos de teatro não existem apenas para aquelas crianças desenvoltas e desinibidas. Segundo a psicóloga clínica e educacional e professora de Artes, Betina Rugna, mesmo para os não-aspirantes à profissão de ator, a prática teatral tem sua importância pela "grande contribuição ao desenvolvimento e formação da personalidade da criança."
O teatro não tem contra indicação nem pré-requisito. "Além de promover o autoconhecimento e desenvolver a autoconfiança, fazer teatro é um exercício de escuta do próximo", enumera a coordenadora e orientadora cênica da Casa do Teatro em São Paulo, Luciana Barboza. "Todo mundo deveria fazer teatro pelo menos uma vez na vida!", convida Betina. "As crianças que fazem teatro tem uma coisa especial, uma percepção melhor do mundo", completa.
Não à toa o teatro é uma das manifestações artísticas mais antigas do homem: suas origens remontam há mais de 4500 anos, quando ainda estava ligado a práticas rituais e religiosas, como as peças sagradas no Egito Antigo sobre o mito dos deuses Osíris e Isis. Está na nossa essência representar. E começamos desde cedo.
Os pequenos passam a infância toda representando: "No jogo do faz de conta, a criança passa por várias etapas do teatro: é o personagem que ela quer, no cenário que ela escolhe, com o figurino que improvisa ou imagina. Quando faz a história acontecer, ela também está dirigindo a cena", exemplifica Betina.
Tão notórios são seus benefícios para a formação de crianças e jovens, que o teatro foi reconhecido como importante conteúdo escolar pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, documentos que orientam o trabalho dos professores do Ensino Básico. Inclusive, já se discute a inclusão da disciplina na grade curricular obrigatória das escolas brasileiras.
Enquanto isso, os pais podem procurar cursos de teatro extracurriculares para proporcionar essa rica experiência ao filho. Geralmente, os cursos são compostos por uma série de exercícios e atividades lúdicas e ao final de cada período, o grupo pensa, monta e apresenta uma peça de teatro.
Se a escola do seu filho não oferece essa opção e um curso extracurricular não cabe no orçamento, tente organizar em conjunto a montagem de uma peça teatral. Os professores de todas as disciplinas podem contribuir e os pais podem ser convidados a ajudar apoiando a produção de figurinos e de cenários, por exemplo. Fique atento também aos cursos e oficinas gratuitos eventualmente oferecidos por grupos de teatro ou pela prefeitura de sua cidade.
Veja 10 motivos para seu filho fazer teatro:

1. Aumenta autoestima

Ser aplaudido é a perfeita situação que traduz o sentimento de bem-estar que envolve os praticantes da arte teatral. E isso se reflete na autoestima da criança, pois ela faz parte de um trabalho que é apreciado pelas pessoas. A psicóloga e professora de Artes Betina Rugna afirma que a criança fica contente em representar e sentir-se importante: "ela afirma para si mesma que se gosta e tem o seu valor". Quando é convidada a expor suas próprias ideias para transformá-las em comunicação artística, a garotada também fica mais segura: "eles se sentem potentes e agentes do mundo", resume a orientadora cênica da Casa do Teatro.

2. Melhora a timidez

Se o seu filho morre de vergonha de falar na frente de muitas pessoas, como na apresentação de um trabalho escolar, o teatro pode ajudá-lo a aprimorar seu jogo de cintura. Quando estão representando personagens, as crianças conseguem se soltar. "Ao atuar, elas perdem a timidez porque ninguém as está julgando", explica a psicóloga e professora de Artes Betina Rugna. Os exercícios de aquecimento vocal, como a repetição da frase "paca tatu, cutia não", melhoram a impostação da voz e garantem confiança na hora de falar em público.

3. Aprimora habilidade de relacionar-se com os outros

Quando se pretende representar alguém, é importantíssimo colocar-se em seu lugar: tentar entender como o personagem pensa e o que sente. Esse simples exercício de imaginação acaba por desenvolver a empatia, habilidade importantíssima para o relacionamento social. Para ter uma ideia, a principal característica dos psicopatas é a falta dessa capacidade. Compreendendo melhor cada um, a criança aprende a tolerar as diferenças e a respeitar o próximo.

Além disso, como a atividade teatral é coletiva, a criança precisa aprender a se relacionar com diversas pessoas, inclusive aquelas de que não gosta muito. Com o tempo, isso "promove a integração, a criança fica mais acessível no convívio com o outro. Pode facilitar inclusive o convívio com os familiares", esclarece a psicóloga e professora de Artes Betina Rugna.

4. Faz com que a criança se conheça mais

Conhecer o outro nos ajuda a conhecer melhor a nós mesmos, a definir nossa identidade. O teatro também auxilia nessa jornada quando "possibilita a elaboração interna de questões pessoais e coletivas por meio da metáfora, da poesia, do lúdico, do criativo", ensina a coordenadora da Casa do Teatro, Luciana Barboza. Ela diz que mesmo sem perceber, os alunos expressam suas inquietações por meio do trabalho teatral, esse "descarrego" também os deixa mais tranquilos.

5. Desenvolve consciência corporal e coordenação motora

Outra gama de exercícios propostos em um curso de teatro é direcionada para estimular a percepção dos sentidos, como dançar de olhos vendados. Isso faz com que a criança desenvolva melhor coordenação motora, percepção espacial e consciência de seu corpo, além de aumentar sua capacidade de expressão.

6. Ensina a trabalhar em grupo

Por ser uma atividade coletiva, o teatro também aprimora a convivência em grupo. O sucesso de todos depende do trabalho de cada um. Por isso, é importante aprender a lidar com o colega, saber expor ideias e críticas e principalmente aprender a respeitar a opinião dos outros. Encenar uma peça também exige comprometimento e dedicação. Os ensaios são recorrentes e a criança irá aprender que seu atraso atrapalha o progresso de todo grupo, tornando-se, assim, mais responsável.

7. Desenvolve habilidades cognitivas como memória e raciocínio

Como teatro é uma arte multidisciplinar (envolve literatura, artes plásticas, música entre outros), a prática proporciona o desenvolvimento de diversas habilidades. Por exemplo, nas escolhas que envolvem uma montagem teatral, as crianças podem explorar a criatividade montando o cenário, desenhando o figurino, compondo músicas, escrevendo peças... Além disso, é preciso refletir sobre as escolhas na construção do espetáculo e isso também articula a criatividade e o raciocínio para a solução de problemas. Para encenar uma peça é preciso lembrar-se de um monte de coisas: sua fala, sua posição em cena, a ordem de entrada no palco... Para não errar, seu filho vai se esforçar para não esquecer nadinha. O cérebro agradece o exercício e retribuirá com uma memória mais eficiente.

8. Expande o repertório cultural

Quando faz teatro, a criança é convidada a conhecer diversos mundos das artes. O texto dramatúrgico a aproxima da literatura; a sonoplastia e trilha sonora abrem alas para a música; os figurinos trazem a moda para a cena; a construção de cenários dialoga com elementos da arquitetura e artes plásticas. Essas referências expandirão seu horizonte cultural e instigarão sua vontade de conhecer mais.

9. Melhora desempenho escolar

Os benefícios do teatro também se refletem em sala de aula. A capacidade de concentração e o constante exercício de memorização podem ajudar na hora da prova, enquanto o contato permanente com a literatura melhora o vocabulário, a escrita e interpretação de texto. Com o teatro, a criança desenvolve o espírito investigativo e curioso, necessário para encontrar soluções criativas para os jogos teatrais propostos. "Essa vivência possibilita que a criança perceba sua capacidade em pensar soluções, experimentar caminhos, vivenciar o diverso e aprender com o outro", finaliza a coordenadora da Casa do Teatro, Luciana Barboza.

10. Propicia o fazer poético

Todas as habilidades pontuadas anteriormente são consequências da prática teatral, mas o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais José Simões lembra a importância do próprio fazer teatro, isto é, do contato com estímulos sensíveis, que fazem o imaginário das crianças voarem, recriando mundos e relações por meio do teatro . Para além das habilidades funcionais, uma montagem teatral "deve querer dizer algo para as crianças e seu mundo e, também, dialogar no contexto que vivem", esclarece Simões. Assim, ela ganha uma autonomia que a estimula para a expressão artística.

Texto extraído do site:

domingo, 9 de outubro de 2011

10 desenhos clássicos que seu filho não pode deixar de ver


Por Rafael Bergamaschi

Simba é um filhote de leão, o próximo na hierarquia para assumir o posto de rei da selva, quando uma conspiração armada por seu tio resulta na morte do rei e na expulsão do filhote. Não se engane com o colorido e a fofura das cenas: a história de “O Rei Leão”, longa lançado originalmente em 1994 pelos estúdios Disney, toca em pontos fundamentais da psicanálise e segue relevante até hoje – as bilheterias do relançamento do filme, em versão 3D, deixam claro. Mas ele não é o único desenho clássico com lições para as crianças.

A história de superação do pequeno felino nas savanas africanas ajuda as crianças a lidar com a possibilidade da perda de um ente querido. “Essa é uma das grandes ameaças da infância”, explica Renate Meyer Sanches, psicanalista e autora do livro “Conta de novo, Mãe” (Editora Escuta), sobre a importância das histórias na construção da personalidade infantil.
Esta não é a única dificuldade abordada pelas animações clássicas. Da valorização do diferente aos desafios de crescer, confira outros 9 filmes que podem ajudar seu filho a superar conflitos.

“Pinóquio” (1940)

Um boneco de madeira é animado por uma fada madrinha e deve passar por uma série de testes de caráter para poder se tornar uma criança humana.
O que ensina: a valorização do diferente, os malefícios da mentira e crença na esperança. “Independentemente de quem você seja, você pode se redimir de tudo de errado que fez”, explica a psicopedagoga Maria Irene Maluf.

“Branca de Neve e os Sete Anões” (1937)

Rainha maldosa tem inveja da enteada, Branca de Neve, por conta da beleza e juventude da garota. Depois que a madrasta tenta matá-la, Branca foge e vai viver na floresta.
O que ensina: a elaborar conflitos com a figura materna. “Brigar com a mãe é uma fase pela qual todas as crianças passam, o que volta depois com a adolescência”, diz Renate Meyer Sanches.

“A Pequena Sereia” (1989)

Ariel é uma sereia fascinada pela vida fora do mar. Desobedecendo os conselhos do pai, ela faz um acordo com uma bruxa para se tornar humana e conquistar o amor de um príncipe.
O que ensina: a superar os conflitos da adolescência com os pais. “Enquanto a Ariel quer ser diferente, romper com os padrões e ser humana, o pai tem a função de protegê-la”, comenta Patrícia Serejo, psicóloga infantil.

“Peter Pan” (1953)

Peter vive na Terra do Nunca, um lugar onde as pessoas não envelhecem, e se recusa a crescer.
O que ensina: crescer é inevitável. “A criação deste mundo paralelo ajuda a criança a se identificar com um lado da personalidade dela que tem medo de amadurecer”, diz Renate.

“A Dama e o Vagabundo” (1955)

A mimada cadela Lady se vê sem rumo quando se perde na cidade e precisa da ajuda de Vagabundo, um vira-lata acostumado a usar da astúcia para se alimentar e sobreviver.
O que ensina: a possibilidade de lidar com dois lados distintos (um mais certinho, outro mais aventureiro), as diferenças das classes sociais e o fato de que o dinheiro não é essencial para uma vida feliz. “Este filme é essencial para ensinar a importância do ‘ser’ e não do ‘ter’. A criança aprende a dar importância às qualidades e não às aparências”, explica Maria Irene.

“101 Dálmatas” (1961)

Cruela Cruel, fascinada por casacos de pele, sonha em ter um feito com a pele macia de filhotes de dálmatas. Para conseguir isso, ela está disposta a tudo, inclusive roubar animais e enganar Anita, sua amiga de infância.
O que ensina: a ganância excessiva é prejudicial e os animais devem ser tratados com carinho. “Faz muito sentido por conta da era do consumismo, na qual vivemos”, compara Maria Irene.

“Tarzan” (1999)

Pais de um bebê morrem durante expedição na África deixando-o órfão por ali. Ele é adotado por uma família de gorilas e cresce acreditando ser um deles.
O que ensina: não existe nada errado em ser adotado, a família é importante e identificar-se com os semelhantes é essencial. “O filme fala de um amor que não é biológico, mas isso não o diminui de forma alguma”, conta Patrícia Serejo.
“A Bela Adormecida” (1959)

A jovem princesa Aurora espeta o dedo em um objeto amaldiçoado por uma bruxa e entra em sono profundo. Ela só poderá ser acordada por um príncipe que a ame verdadeiramente.
O que ensina: é importante saber cuidar de si mesmo. “Se a princesa não fosse superprotegida e estivesse preparada, ela não teria dormido 100 anos”, teoriza Maria Irene.

“Bambi” (1942)

Quando a mãe de Bambi, um pequeno cervo da floresta, é assassinada, ele tem que aprender a cuidar de si mesmo.
O que ensina: fazer amigos é essencial para viver em sociedade. “Em ‘Bambi’ fica muito claro a importância da socialização”, diz Maria Irene.

Texto extraído do site:


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bichos de Estimação - Benefícios para crianças compensam mudanças na rotina


Além de bonitinhos e divertidos, os animais ajudam a desenvolver o senso de responsabilidade, a auto-estima e a educação sentimental da garotada.
Em um primeiro momento, ter um bicho de estimação é uma idéia que parece assustadora para muitos pais. A recusa normalmente é justificada pela expectativa de que o animalzinho será capaz de mudar a rotina de toda a família, sem contar os gastos previstos com ração, remédio, vacina e visitas ao veterinário. Mas especialistas em educação e psicologia afirmam que os benefícios da convivência entre a criança e o animal superam, e muito, as razões apontadas para não ter um bichinho em casa.
A psicóloga Natércia Tiba, especializada em crianças e adolescentes, afirma que o convívio com animais é muito saudável porque ajuda no processo de desenvolvimento da criança. “Ela irá exercitar o senso de responsabilidade. Além disso, passará a trabalhar seus sentimentos como a auto-estima, a alegria, a tristeza, a frustração, a tolerância e a compreensão”, afirma a psicóloga.
Há situações que tornam a presença de um animalzinho ainda mais indicada no lar. Nos casos em que os pais trabalham e os pequenos ficam muito sozinhos, o bicho de estimação faz companhia e estimula o desenvolvimento afetivo. O animal também ocupa um lugar de destaque na casa onde há irmãos que brigam muito: o bichinho torna-se o foco de atenção e proporciona um relacionamento mais saudável entre as crianças.

Mas qual a idade ideal para iniciar este processo?

De acordo com a especialista, a compra ou adoção de um animal de estimação vai depender do tipo de bicho escolhido. No caso do cachorro, por exemplo, crianças de 3 e 4 anos podem tê-los, uma vez que já adquiriram certa autonomia. Nesta idade, os pequenos possuem habilidades motoras, são capazes de se defender e entender algumas regrinhas do que é ou não permitido fazer. Eles sabem, por exemplo, que não podem subir no cachorro ou puxar suas orelhas.
Para ter um pássaro não há restrição de idade e os pequenos podem ajudar nos cuidados com a limpeza e a alimentação. Os gatos são indicados a partir dos 3 anos. Eles são bichos limpos, carinhosos e proporcionam tranqüilidade. Os peixes também são próprios para crianças com idade a partir dos 3 anos e os roedores são recomendados para a faixa dos 4 anos. Estes últimos são dóceis, tranqüilos e exigem uma manutenção barata.
A especialista explica que cabe aos pais avaliar se a criança está pronta para ter um bichinho ou não. Para tanto, eles devem estar dispostos a ajudar nas tarefas e isso requer uma dose de paciência e de tolerância. Principalmente em relação às tarefas que exigem maior compromisso com os horários, como dar comida ou remédio. Levar ao veterinário também faz parte da lista de tarefas dos adultos. Já as atividades mais simples devem ser atribuídas progressivamente aos pequenos. Entre outras funções, eles podem pentear o pêlo do animal ou colocar água no recipiente.
Conforme a criança amadurecer, os pais podem e devem passar outros tipos de responsabilidades. É na faixa dos 12 anos que as meninas conseguem cuidar do animal, já os meninos, só a partir dos 14 anos. “O papel dos pais é servir de guia para os filhos, ensinando e orientando o que eles podem fazer. Os pais são modelos, se tratarem o bichinho bem, a criança fará o mesmo e agirá assim com outras pessoas. Caso contrário, achará que o mau trato é normal e levará essa experiência para o mundo afora”, alerta a psicóloga.
Filhote muda comportamento de criança

Depois de muita insistência, Mariana Neves Vieira, 4 anos, ganhou dos pais um filhote de cachorro da raça labrador. Atualmente, a cadelinha que atende pelo nome de Milly, está com 5 meses de idade. Poucos dias após a chegada da nova integrante da família, os pais já começaram a notar algumas mudanças de comportamento da criança. “Passei a perceber que minha filha ficou mais meiga, atenciosa e alegre”, diz orgulhosa, a mãe Sandra Neves. Para ela, o relacionamento entre as duas é muito legal.
“A Mariana adora brincar com a cachorra e quer participar de tudo. Na hora de dar banho é uma festa. Todo mundo entra na brincadeira. O pai segura o cachorro, enquanto a mãe passa o xampu e a Mariana segura o chuveirinho para enxaguar”, relata.
Segundo Sandra, outro momento que demonstra interesse da menina é quando ela chega da rua e pergunta se a Milly está bem e sai correndo ao seu encontro. “Para mim, ela mostra sinais de preocupação com a cachorra, pois já tem a percepção das necessidades de um outro ser, e assim, se sente responsável pelo bem-estar do animal.”
Apesar do trabalho e dos gastos com veterinário, ração, vacina, entre outros que vão surgindo, ela revela, “vale a pena ter um animal de estimação, além da companhia e de momentos de alegria e diversão que ele é capaz de proporcionar, é muito recompensador ver estampado no rostinho da Mariana um sorriso permanente e uma alegria contagiante devido a sua presença em casa.”

Quando um animal de estimação não é uma boa idéia

A decisão de levar para casa um cachorro, um gato, um papagaio, um periquito ou qualquer que seja a espécie do bichinho deve ser tomada pelo amor que ele inspira. “O animal nunca deve ser tratado como um brinquedo. Aquele que serve para algumas horas e depois é largado pelos cantos“, alerta Natércia. A psicóloga aponta que nem tudo será um mar de rosas na convivência com o animal, mas os pais devem usar justamente estes momentos para a educação dos filhos.
Na maioria das vezes, a criança vai gostar de estar ao lado do animal, mas também haverá situações em que pode sentir raiva. Isso pode ocorrer no caso do bichinho não a obedecer, fazer xixi fora do lugar ou morder suas coisas. Provavelmente, a primeira reação do pequeno será bater ou gritar. “É aí que os adultos devem interceder e explicar que o animal não sabe o que está fazendo e orientar a criança de forma a aprender a lidar com ele com respeito e dedicação”, completa.

Artigo retirado do site:


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pais de bem com a espiritualidade, filhos de bem com a vida


Por Adilia Belloti

A gente sabe tudo sobre educação de crianças, psicologia infantil, comportamento de adolescentes, não é? Está tudo ao alcance da mão. Basta um clique (literalmente) e um universo inacreditável de informações cai no nosso colo.
E lá ficamos nós, engolidos em perplexidade, perguntando: "Afinal, com tantos recursos, com tanta informação, por que a gente não acerta sempre? Por que temos essa sensação de que alguma coisa saiu errada?
Filmes como Kids (lembra desse?) ou como um outro que meu filho de 18 me fez assistir, "Réquiem" para um sonho, mostram crianças e jovens jogados em um mundo sempre muito escuro e do qual eles mal se dão conta, tão intoxicados pelas drogas e pelo escapismo mais brutal. Como foi que aqueles bebês risonhos cresceram para ficar assim? Onde foi que perdemos contato com eles?
Ninguém discute que somos todos bem-intencionadas criaturas que procuram dar o melhor para seus filhos. Então o que é que pode estar faltando? Para alguns estudiosos, a resposta é clara: no afã de prover os filhos com tanto conhecimento e tantos cursos, brinquedos, treinos, aparelhos, idiomas, os pais esqueceram de olhar para dentro de suas crianças e enxergá-las como verdadeiramente são: seres espirituais.
Nessa linha de pensamento, Mimi Doe, uma especialista em educação e autora de vários livros e de programas infantis não-violentos para a televisão, faz uma afirmação inspiradora: "A espiritualidade é a base a partir da qual nascem a auto-estima, os valores, a ética e a sensação de fazer parte de algo. É a espiritualidade que determina o sentido e o significado da vida". Bingo!
Outros estudiosos fazem eco. Spiritual Parenting (uma expressãozinha difícil de traduzir, mas que significaria algo como paternidade/maternidade espiritual), é uma idéia que abre muitas possibilidades e já aportou por essas nossas bandas, alguns textos publicados em português.
Peguei o livro de Mimi Doe para ler, confesso, com um pouco de desconfiança (detesto livros de fórmulas prontas, são um insulto para a nossa inteligência!).
Não fiquei nada decepcionada. Ao contrário, o livro é cheio de idéias para a gente resgatar o caráter sagrado dessa tarefa tão antiga que é criar filhos.
Houve um tempo em que nossos filhos eram nossa única garantia de imortalidade. Através deles, nos sentíamos projetados para o futuro, elos de uma cadeia sem fim. Os gestos repetidos, os ensinamentos, os exemplos, as histórias contadas, as receitas, as festas, as tradições, tudo era parte de um legado que transmitíamos às crianças, mas que, na verdade, não nos pertencia.
Os pais eram uma ponte entre o passado e o futuro. E criar filhos era transmitir a herança da espécie, da melhor forma possível, porque cada um dos nossos atos era apenas um movimento na grande dança do universo.
A proposta de Mimi é resgatar esse sentimento de que educar filhos pode ser, ainda hoje, um verdadeiro milagre. Não, não é nada esotérico, nem específico dessa ou daquela religião. Ao contrário, abrir um espaço para a espiritualidade na relação com as crianças é fazer coisas simples, como criar um ambiente agradável e receptivo na hora do jantar ou marcar um dia por mês para um "estar em família" diferente. Juntos, talvez você e ele se animem a aprender a meditar, a valorizar a bondade e a compaixão através das boas ações, a tirar da gaveta aquela idéia de participar de um projeto comunitário.
Uma outra idéia importante: deixar que nossos pequenos nos inspirem. Eles são naturalmente conectados com essa forma de espiritualidade. E se estivermos mais atentos, podemos aprender muito com a sua poderosa intuição.
Hugh Prather, um outro autor, confirma que essa é a primeira regra de ouro para quem quer se tornar um pai (ou mãe) mais espiritual: as crianças estão próximas de Deus e podem nos ajudar muito a encontrá-lo. Isso não quer dizer que elas não precisem de disciplina, de orientação ou de firmeza. Mas significa que ser pais não nos torna automaticamente sábios e que devemos ir com calma antes de achar que sabemos sempre o que é melhor para as crianças. Na verdade, nós apenas percorremos juntos a mesma estrada e fomos os escolhidos para a posição de guias não por sermos superiores, mas porque conhecemos melhor o mundo. Só por isso. Do ponto de vista de Deus, esse bebê que você segura com tanto cuidado, pode ser tão sábio quanto você, mesmo que seja sua a função de amamentá-lo e de cuidar dele até que ele possa fazer isso sozinho.
Vamos conversar mais sobre isso qualquer horinha, mas, por hoje, pincei algumas idéias do livro de Mimi Doe para compartilhar com você.
1. Deixe de lado os seus velhos programas de educação, os erros cometidos por seus pais, os "deveres" e "obrigações" que foram se infiltrando no seu jeito de educar. Você é você mesmo e seu filho é ele mesmo. Vocês dois foram reunidos por Deus por algum motivo. Acredite, você e seu pequeno foram, literalmente, feitos um para o outro.
2. Ensine seu filho a desenvolver a concentração no pensar. Use como exemplo uma lanterna ou um foco de luz cortando a escuridão. Os pensamentos dele são como esse raio de luz atravessando o universo, juntando e iluminando os seus desejos. Essa imagem vai ajudar seu filho a entender que nossos pensamentos podem provocar grandes mudanças na nossa vida.
3. Busque o maravilhoso fora do trivial. Celebre junto com seu filho os fatos admiráveis de cada dia. Invente rituais, motivos para celebrar, encha sua casa com música, dance, caminhe na chuva. Se faltarem idéias, tome emprestadas algumas fantasias de seu filho. Com certeza ele vai adorar compartilhar esses tesouros com você.
4. As palavras são importantes. Use-as com cuidado. Em geral, elas refletem nosso jeito de estar no mundo. Institua em sua casa a regra de não permitir rebaixamentos nem zombarias. O deboche é um meio seguro de arrasar o espírito.
5. Faça de cada dia um novo começo. Por pior que tenha sido o dia de hoje, amanhã é um novo dia e ninguém sabe ou pode garantir o que ele vai trazer. Dê de presente para seu filho um dia cheio de possibilidades, um dia sagrado. Um dia para ser saboreado minuto a minuto, intensamente.
Para saber mais:

10 princípios da paternidade espiritual, desenvolvendo a alma de seu filho, Mimi Doe com Marsha Walch, Editora Cultrix

Educar com amor, Hugh Prather, Edições Paulinas
Parenting as a spiritual journey, Rabbi Nancy Fuchs, Jewish Lights Publishing


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Espiritualidade é essencial para o bem-estar das crianças


Um novo estudo sugere que a espiritualidade, e não as práticas religiosas, determinam o nível de felicidade das crianças.
Para tornar as crianças mais felizes, nós precisamos encorajá-las a terem um forte sentimento de valor pessoal, afirma o Dr. Mark Holder, da Universidade de British Columbia (Canadá) e seus colegas Ben Coleman e Judi Wallace.
O estudo dos três pesquisadores mostrou que as crianças que sentem que suas vidas têm significado e valor e que desenvolvem relacionamentos profundos e de qualidade - ambos medidas da espiritualidade - são mais felizes.
Parece, entretanto, que as práticas religiosas têm pouco efeito sobre sua felicidade. Estas descobertas foram publicadas na edição online do periódico científico Journal of Happiness Studies.

Espiritualidade e felicidade

Tanto a espiritualidade (um sistema interno de crenças em que uma pessoa se baseia para ter força e conforto), quanto a religiosidade (práticas, crenças e rituais religiosos institucionalizados) têm sido ligadas a um aumento na felicidade em adultos e adolescentes (veja Religião dá autocontrole necessário ao atingimento de objetivos e Eu tenho fé, logo, tenho menos dores).
Por outro lado, há pouquíssimas pesquisas com relação às crianças menores. Em um esforço para identificar estratégias para aumentar a felicidade das crianças, o Dr. Holder e seus colegas estudaram a natureza da relação entre espiritualidade, religiosidade e felicidade em crianças com idades entre 8 e 12 anos.

Aspectos pessoal e social da espiritualidade

Um total de 320 crianças, de escolas públicas e de escolas religiosas, completou seis questionários diferentes para que fossem mensurados sua felicidade, sua espiritualidade, sua religiosidade e seu temperamento. Os pais também avaliaram a felicidade e o temperamento dos filhos.
Os autores descobriram que as crianças que afirmaram ser mais espiritualizadas são mais felizes. Em particular, os aspectos pessoal (o significado e o valor da própria vida) e social (qualidade e profundidade das relações interpessoais) da espiritualidade foram fortes indicadores da felicidade das crianças. A espiritualidade explicou até 27% da diferença entre os níveis de felicidade entre as crianças.

Temperamento e religião

O temperamento das crianças também é um forte indicador de sua felicidade. Em particular, crianças mais felizes são mais sociáveis e menos tímidas. A relação entre espiritualidade e felicidade permaneceu forte mesmo quando os autores levaram o temperamento em conta.
Entretanto, de forma aparentemente contraditória, as práticas religiosas - incluindo ir à igreja, rezar e meditar - tiveram pouco efeito sobre a felicidade das crianças.
De acordo com os autores, "a melhoria do valor pessoal pode ser um fator chave na relação entre espiritualidade e felicidade." Eles sugerem que as estratégias voltadas a aumentar o valor pessoal nas crianças - tais como expressar gentileza com os outros e outros atos de altruísmo e voluntariado - podem ajudar a tornar as crianças mais felizes.

Artigo retirado do site:

http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=espiritualidade-essencial-bem-estar-criancas&id=3703

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Literatura infantil contribui para o desenvolvimento emocional da criança



Vivemos em uma sociedade rodeada de informações e tecnologias que se renovam constantemente em um ritmo acelerado. Em meio a esse cenário, diariamente, são lançados no mercado brinquedos altamente tecnológicos e atrativos, com inúmeros recursos audiovisuais. Alguns destes brinquedos têm a função de ensinar, divertir, estimular ou simplesmente manter a criança ocupada por certo período de tempo.
Este contexto nos faz pensar que "Chapeuzinho Vermelho" anda meio fora de moda ou que "Peter Pan" se perdeu na "Terra do nunca" e que o tempo do "Era uma vez" ficou para trás. Assim, esquecemos de apresentar estes maravilhosos - e importantes - contos para nossas crianças, pensando que, de repente, não despertarão o interesse neles.
É justamente nesse ponto que nos surpreendemos quando oportunizamos essa vivência para as crianças que, mesmo recebendo diariamente milhares de informações e novidades, deixam-se envolver e viajar na literatura tradicional.
Cabe refletir: como as histórias infantis que atravessam gerações conseguem, ainda, conquistar crianças no século XXI? O que há de tão impressionante e mágico nestes enredos tradicionais, capazes de entreter os pequenos a tal ponto de quererem ver e rever os mesmos personagens e conflitos?
Não pretendemos fazer uma análise dos temas abordados em determinadas histórias, mas sim compreender a importância dessa literatura que atravessa tempo e espaço.
Apesar de cada conto apresentar temáticas e situações bem diversificadas, numa análise geral, podemos perceber que eles têm características parecidas.
É comum aparecer um personagem bom e justo que passa por situações difíceis ou tristes, muitas vezes causadas por outros personagens que tem o objetivo de prejudicar os demais. O final apresenta a vitória do bem sobre o mau e a história se resolve com alegria e festa.
Contos tradicionais como Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Os Três Porquinhos, Cinderela, Patinho Feio, entre outros, que conhecemos desde sempre, tem um papel importante no desenvolvimento da personalidade infantil. Eles são repletos de emoções, sentimentos e sensações como angústia, medo, tristeza, ansiedade, alegria etc.
A criança ainda pequena, muitas vezes, não consegue expressar suas emoções. Ela precisa construir, experimentar e vivenciar para poder desenvolver estes aspectos emocionais. Assim, ela tende a conseguir lidar com a realidade de forma mais tranquila.
Portanto, acompanhando a trajetória do personagem, a criança compartilha as emoções, sofre com seus conflitos, vibra e torce pelo seu sucesso.
Estas experiências possibilitam a constituição de recursos emocionais importantes para que a criança tenha meios de lidar com situações reais, que envolvem insegurança, frustrações e ansiedade.
Outro aspecto interessante estimulado pelos contos de fada é o desenvolvimento do senso de justiça, de valores morais e de habilidades sociais presentes na literatura tradicional. Isso nem sempre de forma clara e objetiva, mas é perceptível para quem mergulha nesses textos e se deixa levar pela história com emoção e motivação.
Com isto, podemos entender porque certas histórias cativam tanto determinadas crianças, que querem repeti-las incansavelmente várias e várias vezes. É possível que ali haja um conflito com o qual ela se identifica e revive a situação de forma imaginária para facilitar seu entendimento da realidade.
Portanto, pais, mães, educadores e todos que convivem com crianças modernas: possibilitem a elas conhecer e vivenciar histórias tradicionais em diferentes formas, com livros, filmes, textos e imagens, quantas vezes forem desejadas.
Desta forma, estaremos contribuindo para a constituição de um adulto emocionalmente tranquilo, capaz de resolver conflitos internos e externos com segurança, motivado para os desafios da vida, com coragem para enfrentar os problemas, inovar e ousar na "vida real".

Fonte: Minha Vida

Edição: F.C.

24.05.2011








quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dez atitudes para ensinar o seu filho a cuidar do planeta


Por Manuela Macagnan

Quando você era criança, com certeza não ouvia tanto sobre sustentabilidade, escassez de água, poluição e desmatamento quanto hoje, não é? O grande problema é que o planeta está em estado de alerta e precisamos cuidar dele. Para isso, nada melhor do que ensinar as crianças, já que elas vão ser os adultos de um mundo que clama por socorro. Pensando nisso, preparamos dez atitudes que você pode tomar dentro de casa para que seu filho cresça consciente.

1. Fique atento ao tempo do banho
2. Separe o lixo
3. Conserte ou doe os brinquedos
4. Procure objetos usados para comprar
5. Utilize integralmente os alimentos
6. Use a sacola de tecido
7. Leve-o à feira
8. Faça uma horta
9. Apague as luzes sempre
10. Ande mais a pé

Texto extraído do site:

http://abril.com.br/


sábado, 19 de fevereiro de 2011

As crianças e suas representações de espaço


Ao explorar objetos e ambientes variados, a criança vai montando uma representação do espaço e aprende a se orientar por pontos de referência.

Thais Gurgel
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Logo nos primeiros dias de vida, o bebê se inicia em uma jornada digna de um desbravador. Sem experiência, ele precisa distinguir e compreender as formas estáticas e em movimento que aparecem em seu campo de visão. Em outras palavras, para ele, o espaço ao redor ainda está por se constituir. “Lidar com o mundo, nessa fase, é reconhecer objetos e interagir com eles”, explica Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). “O desafio é grande porque o espaço é algo contínuo, sem separações.” As rupturas entre os objetos e as relações entre eles são construídas ao longo do desenvolvimento infantil e se estendem ao menos até a adolescência.

Essa criação pessoal do mundo ocorre em paralelo a outro processo importante: a construção da subjetividade, que se dá em grande parte pela exploração dos limites do próprio corpo. Uma elaboração colabora para o avanço da outra, tornando o entendimento sobre o entorno cada vez mais complexo e abrangente.
Um aspecto fundamental para esse desenvolvimento em duas frentes é a ideia de permanência do objeto. Trata-se da capacidade de criar uma imagem mental de algo, mesmo sem tê-lo diante dos olhos. Ao ser capaz de fazer isso, o bebê tem a primeira questão espacial – onde está o objeto que ele sabe existir, mas está ausente? Essa noção ganha um impulso quando ele começa a se deslocar com autonomia.

A criança cria coordenadas espaciais e relaciona os objetos conforme se desloca e explora o ambiente.

Assim que aprende a engatinhar, a criança não só pode pensar numa bolinha, por exemplo, mas se propõe a encontrá-la. Assim vem uma sequência: achar o brinquedo no ambiente em que ele está, entender onde ela própria se encontra e elaborar uma trajetória de deslocamento para chegar ao objetivo. Para isso, são necessárias referências para a orientação. Surge aí a exigência de estabelecer relações posicionais entre os objetos – se a bolinha rolou para trás do sofá, como se deslocar para alcançá-la?

Pela ação, os bebês compreendem o entorno

De início, os pequenos brincam com o próprio corpo – as mãos e os pés – e as roupas, que vestem como se explorassem objetos distintos. Depois, passam a manipular tudo o que veem, observando o resultado de suas ações sobre essas coisas. Quem nunca presenciou a cena de um bebê sentado em um cadeirão jogando ao chão todos os objetos ao seu alcance? Com isso, ele observa as diferentes consequências de seu ato: há coisas que rolam, que ficam estáticas e que pulam. Até os 3 anos, é isso o que amplia a percepção sobre o entorno. Dos 4 aos 6, ela expande a experimentação para a representação do espaço em desenhos e brincadeiras, por exemplo. Isso se percebe nos traços de Pedro, 6 anos (veja o primeiro desenho). A imagem que produziu do apartamento em que mora demonstra que tem uma boa capacidade de relacionar os diferentes cômodos com base em coordenadas espaciais ou pontos de referência.

O mesmo princípio ocorre com a representação que os pequenos têm do próprio corpo. Nesse processo, eles desenvolvem ainda a percepção de que ele tem dois lados – o esquerdo e o direito. Esse conceito, da lateralidade, se desenvolve em geral por volta dos 7 anos (a idade pode variar) e permite que a criança diga se um objeto se localiza mais próximo à sua esquerda ou direita – embora nomear os dois campos seja difícil num primeiro momento (como no diálogo abaixo).

“Como você faz para ir do seu quarto para a cozinha, Laura?” Repórter

“É assim: eu tô no meu quarto, ando um passo reto e faço uma curva.” Laura

“Mas para que lado é a curva?” Repórter

“Pra lá, assim (e indica a esquerda com a mão).” Laura

“Assim como?” Repórter

“Assim, para o lado dessa mão. Aí depois a gente vira assim (voltando o corpo para a direita) e entra na cozinha.” Laura

“Essa possibilidade de referência para a localização dos objetos, que vem do próprio corpo, é a base da orientação espacial”, explica Valéria Queiroz Furtado, especialista em psicomotricidade e professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL). “O próximo passo é conseguir projetar essas referências para um objeto em relação a outro sem ter de se colocar fisicamente no lugar dele.”

Esse desenvolvimento depende bastante da pluralidade de experiências e do espaço a que cada um tem acesso. “A ampliação do repertório de vivências faz com que se refine a percepção da posição do próprio corpo no espaço e projete a forma de se deslocar para atingir um objetivo”, diz Valéria. “Há uma memória de movimentos a que recorrer.” Isso permite não só se situar no espaço em que se encontra mas também imaginar novos ambientes com base na possibilidade de representá-los. A criança utiliza suas noções espaciais ao remontar cenas domésticas, enquanto brinca de casinha, por exemplo, e ao ouvir contos de fadas, quando cria em sua mente como seria o assustador castelo da bruxa.

Numa época em que os pequenos têm cada vez menos chances de explorar ruas e quintais, o papel da escola se torna decisivo. “Há a tendência de evitar que eles se arrisquem do lado de fora, restringindo-os a ambientes em que não existem chances de acidentes e quedas – ou seja, espaços artificializados”, diz Ana Paula Yazbek, diretora pedagógica do Espaço da Vila – Berçário e Recreação, em São Paulo. “Embora os cuidados com a segurança sejam muito importantes, a garotada precisa explorar diferentes texturas e níveis de piso, por exemplo, e enfrentar o que se configura como desafios espaciais – equilibrar-se, rolar no chão, subir em móveis com a supervisão de um adulto e manipular objetos variados.”

Criar referências espaciais é uma grande conquista
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“Eu sei o caminho da casa da minha avó para a minha, mas não sei o da minha casa para a dela, não.” Giovanna. Reprodução/Agradecimento Creche Central da Universidade de São Paulo (USP)

Alguém que sabe se deslocar de um lugar a outro sabe voltar ao ponto inicial, certo? No caso dos pequenos, não de imediato. Esse conceito, chamado reversibilidade, é algo adquirido à medida que eles possam encontrar referências espaciais que os orientem. Enquanto ainda não têm essa capacidade de se localizar com base em coordenadas, o simples fato de voltar da cozinha para a sala de uma casa desconhecida pode ser uma missão difícil. Giovanna, 5 anos, por exemplo, diz conhecer o caminho da casa de sua avó até a sua, mas não o contrário (veja o desenho acima). Quando traça o trajeto, ela demonstra ainda não ter uma representação mental dele: registra-o como uma linha reta, sem referências espaciais que a oriente (os poucos detalhes que aparecem no itinerário são elementos que ela costuma ver, como um carro e semáforos, mas não servem como coordenadas). A noção de reversibilidade diz respeito ao desenvolvimento cognitivo da criança de forma geral: se ela vê a transformação de algo, saberá revertê-lo ao seu estado original.

Multifacetada, a noção de espaço é, desse modo, um processo de amadurecimento que pode ser favorecido por professores e pais. “Isso é condição para pensar sobre a realidade em que se vive”, diz Monique Deheinzelin, assessora da Escola Comunitária de Campinas, em Campinas, a 100 quilômetros de São Paulo. “O adulto não pode apressar essa aquisição, mas deve garantir que a criança tenha oportunidades de se colocar problemas em relação ao seu entorno.”

* Os desenhos e os diálogos publicados nesta reportagem são de crianças de turmas de 5 e 6 anos da Central Creche da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP


Fonte: Revista Nova Escola


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Como é a criança de 1 a 2 anos



Nessa fase, a criança está cheia de energia e entusiasmo. Aprende por meio da exploração do ambiente, curiosidade, imitação e imaginação sem fim. Quanto mais a criança é estimulada a falar, movimentar-se e descobrir, maior será o desenvolvimento do seu cérebro e da coordenação fina dos seus movimentos. Essas
realizações, ajudam a criança a se comportar com mais competência e confiança.

A criança, nessa fase, já pode engatinhar e andar e se desloca pela casa. Abaixa-se, sem cair, para pegar objetos no chão. Começa a identificar as partes do corpo e aprende a falar o nome delas. Ainda se comunica por gestos, abana a cabeça para dizer não, dá adeus, bate palminhas, fala pequenas frases, como “mamá qué bola”, “papá qué água”.

Atenção:
• A família deve estar perto da criança para que ela se sinta protegida ao aprender a andar.
• A criança aprende a falar com as pessoas que falam com ela, repete o que ouve e, por isso, devemos falar corretamente as palavras.
• A criança já entende o que falam com ela, mas nem sempre obedece. Ela atende quando se interessa por fazer o que foi pedido.
• Chora e faz pirraça quando é contrariada.


• Bater palmas quando está contente.
• Falar pequenas frases.
• Dar adeus para as pessoas.
• Rabiscar e desenhar.
• Virar as páginas de livros ou revistas sem rasgar.
• Empilhar e encaixar objetos.

Quer tudo para si e, quando ouve um não, chora e faz pirraça.
Movimenta-se pela casa, engatinha, caminha e gosta de brincar com os objetos e com as pessoas.

Brincar é a atividade principal da criança. Ao brincar, a criança desenvolve a atenção, imitação, memória, movimentação, equilíbrio e imaginação.Também constrói curiosidade, confiança e auto-estima.
A família precisa organizar o ambiente, oferecer revistas ou livros, objetos e brinquedos. Criar situações para a criança olhar, brincar de correr, pular, saltar, empurrar ou puxar objetos, sozinha e também com outras crianças.
A criança acha que é o centro do mundo e tem dificuldade de compartilhar.
As crianças podem também brincar nas creches com as educadoras. Nessa idade, a criança usa e explora os objetos da casa. Ela quer fazer as coisas sozinha, inclusive o que não pode fazer, como subir e descer de locais perigosos, colocar o dedo em tomadas elétricas, colocar na boca o que encontra pela casa, colocar sacos plásticos na cabeça.
Cuidado:
• A família precisa acompanhar o que a criança está fazendo e ensinar, com firmeza e sem violência, o que ela pode e o que não pode fazer.
Do que a criança gosta de brincar?

De “esconde-esconde”, cantar, dançar, bater palma, rolar no chão, imitar as pessoas.
Com caixas vazias de tamanhos variados, embalagens vazias e limpas, transformadas em brinquedos.
Gosta de ouvir várias vezes as mesmas histórias.
Cuidado:
• Sacos plásticos podem causar sufocamento, por isso, não devem ser dados para a criança brincar.

Texto extraído do site:

 


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Astúcia, inteligência, sabedoria



Por Moacyr Scliar

No interessante Onde Encontrar a Sabedoria? (Ed. Ponto de Leitura), o respeitado crítico norte-americano Harold Bloom observa que, ao longo do tempo, as pessoas sempre recorreram aos livros e aos autores famosos com o objetivo de se tornarem mais sábias. Leitura, esse era o raciocínio, pode ser uma coisa difícil, mas o esforço valeria a pena se, como resultado, a pessoa se tornasse mais sábia. Cabe, contudo, a pergunta: será que este é um sonho comum à humanidade? Será que todos nós queremos a sabedoria? Será que no Brasil, em particular, é este um ideal?

Tenho minhas dúvidas. Sabedoria é uma condição que resulta de uma profunda compreensão do mundo e da condição humana. Nós não nascemos sábios, não nascemos com esta compreensão; temos de adquiri-la através da vida, e isso se faz mediante conhecimento (daí a necessidade da leitura) mas também graças ao "insight", o "conhece-te a ti mesmo", de Sócrates, mediante o qual aprendemos a não nos deixarmos iludir por nossa arrogância, a reconhecer nossas limitações e defeitos, a pensar e a agir de forma serena e desapaixonada. Agir, sim; sabedoria não é só pensar bem, não é só ter conhecimento e entender as coisas. Sabedoria é agir bem, resolvendo os problemas de forma eficaz, mas de forma ética, decente.

Um componente importante da sabedoria é a inteligência, a palavra que vem do latim e quer dizer entendimento. A pessoa inteligente entende, mediante o raciocínio e a experiência, as coisas, mesmo complexas. É uma habilidade que, diferente da sabedoria, pode ser avaliada, e até quantificada; daí os testes de inteligência, incluindo o famoso QI, quociente de inteligência, aliás objeto de controvérsia nos últimos anos.

Ser inteligente não é ser sábio: na sabedoria o furo está mais acima. A pessoa inteligente nem sempre age bem; a história da humanidade está cheia de vigaristas que aplicavam e aplicam golpes inteligentíssimos (os hackers, por exemplo). No fim essas pessoas se dão mal, exatamente porque lhes falta esse conhecimento maior que é a sabedoria.

Isso é ainda mais verdadeiro no caso da astúcia, que não é sabedoria nem inteligência. É uma coisa menos sofisticada, mais primitiva, daí porque, nas fábulas, é simbolizada por um animal, a raposa. A raposa não é sábia nem inteligente; a raposa é astuta. Astúcia é a habilidade de enganar; astúcia é manha, esperteza. Zélia Duncan diz isso na letra de uma música: Astúcia, astúcia/O que te faltou foi astúcia/Pra roubar meu coração faltou muito pouco/Era só ter procurado no outro bolso. Astucioso é o cara que procura no outro bolso; é o cara que sabe como roubar. Isso explica por que a astúcia é ainda tão valorizada no Brasil: porque representa uma maneira fácil de conquistar as coisas, de subir na vida. Se vocês perguntarem a alguém como se ganha eleições, se com sabedoria, com inteligência ou com astúcia, a pessoa certamente optará por esta última alternativa, atrás da qual estão séculos de safadeza e de corrupção. Mas é que as duras condições da vida em nosso país, a pobreza, a desigualdade, deixaram esta lição: para sobreviver é preciso ser astuto, esperto. É muito glamouroso ser inteligente, é digna de admiração a pessoa sábia; mas, quando se trata de salvar a pele, o melhor mesmo é a astúcia.

Compreensível. Mas não satisfatório. Nós só chegamos à verdadeira maturidade quando a astúcia reconhece a importância da inteligência e quando esta é um recurso para atingir a sabedoria. Um Brasil sábio deveria ser o nosso objetivo maior.

texto extraído do site:

http://www.clicrbs.com.br/



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2011: manual de conservar caminhos


1) O caminho começa em uma encruzilhada. Ali você pode parar e pensar em que direção seguir. Mas não fique muito tempo pensando, ou jamais sairá do lugar. Faça a clássica de Castaneda: qual destes caminhos tem um coração? Reflita bastante sobre as escolhas que estão adiante, mas uma vez dado o primeiro passo, esqueça definitivamente a encruzilhada, ou sempre ficará sendo torturado pela inútil pergunta: “será que escolhi o caminho certo?” Se você escutou seu coração antes de fazer o primeiro movimento, você escolheu o caminho certo.

2) O caminho não dura para sempre. É uma benção percorrê-lo durante algum tempo, mas um dia ele irá terminar, portanto esteja sempre pronto para despedir-se a qualquer momento. Por mais que você fique deslumbrado por certas paisagens, ou assustado com algumas partes onde é necessário muito esforço para seguir adiante, não se apegue a nada. Nem às horas de euforia, nem aos intermináveis dias onde tudo parece difícil, e o progresso é lento. Cedo ou tarde um anjo virá, e sua jornada chega ao final, não esqueça.

3) Honre seu caminho. Foi sua escolha, sua decisão, e na medida que você respeita o chão onde pisa, também este chão passa a respeitar seus pés. Faça sempre o que for melhor para conservar e manter seu caminho, e ele fará o mesmo por você.

4) Esteja bem equipado. Leve um ancinho, uma pá, um canivete. Entenda que para as folhas secas os canivetes são inúteis, e para as ervas muito enraizadas os ancinhos são inúteis. Saiba sempre que ferramenta utilizar a cada momento. E cuide delas, porque são suas maiores aliadas.

5) O caminho vai para frente e para trás. Às vezes é preciso voltar porque foi perdido algo, ou uma mensagem que devia ser entregue foi esquecida no seu bolso. Um caminho bem cuidado permite que você volte atrás sem grandes problemas.

6) Cuide do caminho, antes de cuidar do que está a sua volta: atenção e concentração são fundamentais. Não se deixe distrair pelas folhas secas que estão nas margens, ou pela maneira como os outros estão cuidando dos seus caminhos. Use sua energia para cuidar e conservar o chão que acolhe seus passos.

7) Tenha paciência. Às vezes é preciso repetir as mesmas tarefas, como arrancar ervas daninhas ou fechar buracos que surgiram depois de uma chuva inesperada. Não se aborreça com isso, faz parte da viagem. Mesmo cansado, mesmo com certas tarefas repetitivas, tenha paciência.

8) Os caminhos se cruzam: as pessoas podem dizer como está o tempo. Escute os conselhos, tome suas próprias decisões. Só você é responsável pelo caminho que lhe foi confiado.

9) A natureza segue suas próprias regras: desta maneira, você tem que estar preparado para súbitas mudanças do outono, o gelo escorregadio no inverno, as tentações das flores na primavera, a sede e as chuvas de verão. Em cada uma destas estações, aproveite o que há de melhor, e não reclame das suas características.

10) Faça do seu caminho um espelho de si mesmo: não se deixe de maneira nenhuma influenciar pela maneira como os outros cuidam de seus caminhos. Você tem sua alma para escutar, e os pássaros para contar o que sua alma está dizendo. Que suas histórias sejam belas e agradem tudo que está a sua volta. Sobretudo, que as histórias que sua alma conta durante a jornada sejam refletidas em cada segundo de percurso.

11) Ame seu caminho: sem isso, nada faz sentido.


Paulo Coelho


Desejos para 2011


Para este novo ano, registro algumas esperanças e desejos, entre eles os de que...

... os sentimentos não sejam descartáveis como as fraldas;

... a melhor refeição fast-food seja o seio materno;

... o menino não ouça “homem não chora”;

... as diferenças sejam reconhecidas como grandes riquezas humanas;

... o respeito pelos demais semelhantes e a honestidade sejam a norma e não a exceção;

... o trânsito permita o ir e vir, e não trajetos sem retorno;

... os jovens curtam a vida, mas não a encurtem;

... o dinheiro seja importante, mas sua escassez não deteriore vidas;

... a educação proporcione indivíduos mais criativos;

... a impunidade esteja presente apenas em obras de ficção;

... a cooperação entre os semelhantes seja uma prática corriqueira;

... a violência cause indignação;

... o trabalho infantil seja apenas aquele feito com lápis, papel e tinta.


Jorge Montardo