quinta-feira, 30 de setembro de 2010

No Brasil, 80% das crianças têm algum sintoma de estresse infantil




Tontura, vômito, dor de barriga, cefaleia e uma série de outros sintomas físicos comuns na infância podem ocultar problemas de relacionamento, insegurança, depressão e estresse. Pesquisa realizada pela Isma-BR, a representação brasileira da International Stress Management Association, associação presente em 12 países que trabalha a prevenção e o tratamento do estresse, revelou que oito em cada dez crianças têm manifestações psicossomáticas e apresentam problemas de saúde para os quais não há causa clínica determinável.

"Nosso organismo não diferencia se a criança está tendo dor de barriga porque está ansiosa ou porque comeu maionese estragada. A fonte é bem diferente, mas a sensação de dor e desconforto é semelhante", diz Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR, doutora em Psicologia, que só trabalha com sintomas relacionados a estresse.

Ana Maria supervisionou o levantamento, realizado com 220 crianças, de 7 a 12 anos, em Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Entre os sintomas físicos resultantes do excesso de tensão, foram citados dores musculares (dor de cabeça e de barriga), distúrbios do sono (pesadelo, sono agitado e insônia), diarreia, constipação, os enjoos e as náuseas.

As consequências emocionais se traduzem em nervosismo, medos, irritação e a impaciência. As mudanças comportamentais incluem a agressividade, a passividade, a dificuldade de relacionamento, as alterações no apetite - incluindo o aumento no consumo de doces - e o choro sem motivo.

Os resultados apontam a rotina atribulada como uma das principais causadoras da tensão entre os pequenos. "As pressões colaboram para que as crianças, cuja única responsabilidade deveria ser a de estudar e brincar, tenham uma série de obrigações que as levam a exercer uma rotina digna de pequenos executivos", afirma Ana Maria Rossi.

"Apareceu muito na pesquisa que a criança às vezes mente, diz que tem dor de barriga ou dor de cabeça, apenas para não fazer alguma atividade. O fato é que não importa se ela está inventando ou não. O importante é descobrir porque a criança está fazendo isso", aconselha.

Se os pais desconfiam que as queixas podem não ser reais, devem conversar com as crianças. "Ela só vai fazer isso se não estiver bem. É preciso descobrir o que está havendo."

Texto extraído do site:
Fonte: Agência Estado
Edição: F.C.
20.11.2009


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os Cegos e o Elefante



Como a gente se depara com tal situação...

Eram seis homens da Índia, desejando aprender muito, e que foram "ver" um Elefante. Embora todos fossem cegos. Pensavam eles que cada um, por observação, poderia satisfazer sua mente.

O Primeiro aproximou-se do Elefante, e aconteceu de chocar-se contra seu amplo e forte lado. Imediatamente começou a gritar:‘Minha nossa, mas o Elefante é semelhante a um muro’.

O Segundo, pegando numa das presas do animal, gritou: ‘Oh! O que temos aqui tão redondo, liso e pontiagudo? Para mim isto é muito claro. Esta maravilha de elefante é muito semelhante a uma lança’.

O Terceiro aproximou-se do animal, e aconteceu de pegar na sinuosa tromba com suas mãos. Assim, falou então, em voz alta: ‘Vejo’, disse ele, ‘ que o Elefante é muito parecido com uma cobra!’

O Quarto esticou a mão, ansioso e apalpou em torno do joelho: ‘Com o que este maravilhoso animal se parece é muito fácil’, disse ele: ‘Está bem claro que o Elefante é muito semelhante a uma árvore!’

O Quinto, por acaso, tocou a orelha, e disse: ‘Até um cego pode dizer com o que ele se parece: Negue quem puder. Esta maravilha de Elefante é muito parecido com um leque!’

O Sexto, mal havia começado a apalpar o animal, pegou na cauda que balançava e veio ao seu alcance.‘Vejo’, disse ele, ‘o Elefante é muito semelhante a uma corda!’

E assim esses homens da Índia discutiram por muito tempo. Cada um com sua opinião excessivamente rígida e forte. Embora cada um estivesse, em parte, certo, todos estavam errados!

Moral

“Com frequência, em guerras de opiniões, os disputantes prosseguem em total desprezo por aquilo que cada um dos outros quer dizer. E discutem, com grande convicção, sobre um Elefante que nenhum deles viu!”

Texto extraído do site:


 


domingo, 26 de setembro de 2010

Primeiras letras parte II




Maturidade neurológica

Do ponto de vista pedagógico, há vários recursos para introduzir a criança ao mundo das letras desde muito cedo. Mas é perfeitamente normal que, aos cinco anos, ela ainda não tenha chegado ao ponto de desenvolvimento neurológico que propicie a sistematização da linguagem escrita.

"O desenvolvimento neurológico não é algo extremamente uniforme e depende de fatores biológicos e ambientais. Há crianças que atingem esse desenvolvimento um pouco antes ou um pouco depois, e isso não significa uma maior ou menor capacidade intelectual ou cognitiva", afirma Luiz Celso Pereira Vilanovas, chefe do setor de neurologia infantil da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Segundo o neurologista, dá para afirmar que, com oito anos, a criança está pronta para ser alfabetizada. "Mas a chance de a criança não estar pronta aos cinco anos para a alfabetização, do ponto de visto do desenvolvimento neurológico, existe e não é desprezível."

Ritmos diferentes

A questão mais importante é a escola estar preparada para lidar com os diferentes ritmos de desenvolvimento. "Se a escola tenta acelerar o processo e discrimina as crianças que não conseguem se alfabetizar nessa faixa etária, é prejudicial. Essas crianças não estão prontas, mas vão chegar ao mesmo lugar daqui a um, dois anos, e isso é normal", diz Vilanovas.

Mauro Muszkat, chefe do Nani (Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar) da Unifesp, observa que há uma cobrança cada vez maior para as crianças se alfabetizarem mesmo antes de elas terem maturidade neurológica para o que é exigido.

"A maturação depende de vários fatores, mas, em termos gerais, antes dos seis anos e meio muitas crianças ainda não completaram a lateralização da linguagem, por exemplo", diz Muszkat. A lateralização significa que a função linguística se concentrou no lado esquerdo do cérebro e as funções não-verbais, como o significado emocional das palavras, no lado direito, o que permite lidar com a linguagem escrita de modo mais simbólico e não apenas de modo mecânico.

Aos cinco ou seis anos, também é normal a criança não ter maturação motora para uma escrita estável. "Com a cobrança formal para se alfabetizar e sem ter amadurecido esses aspectos, a criança fica estressada e perde a motivação, além de poder achar que é menos inteligente do que os outros, o que não é verdade", diz.

Sistema visual

Em relação à maturação do sistema visual, ela também só vai se completar por volta dos sete anos. Porém, isso não é um impedimento para a alfabetização, segundo Paulo Schor, professor-adjunto de oftalmologia da Unifesp. "Aos quatro anos e meio de idade, o olho humano já está preparado para a visão de detalhes."

O que pode acontecer na criança pequena é ela não ter discernimento visual para letras unidas, como nas palavras escritas na forma cursiva. Mas o mais importante, segundo o oftalmologista, é fazer o exame de acuidade visual quando o processo de alfabetização for iniciado, ocorra ele mais cedo ou mais tarde. "Além da possibilidade de corrigir eventuais problemas de visão, isso evita que eles sejam um obstáculo à aprendizagem."

Dicas para tornar o processo de alfabetização mais tranquilo

Ficar muito ansioso para ver "resultados" da alfabetização pode atrapalhar o processo; não insista para a criança escrever seu nome ou ler textos, se a vontade de fazer essas coisas não partiu da própria criança

Ao realizar atividades com os filhos relacionadas à leitura e à escrita, não as faça por obrigação, mas por prazer, por exemplo, lendo para eles histórias que realmente aprecia. Contar aos pequenos histórias mediadas pelo livro (ou seja, leitura em voz alta) é uma forma de os pais tornarem o processo de alfabetização que elas viverão na escola significativo

Escrever com letras "erradas" (por exemplo, "kasa") faz parte do processo de construção da escrita, ajuda a criança a entender como ela funciona; se os pais corrigem sistematicamente toda a lição de casa da criança, podem atrapalhar o processo pedagógico

O melhor é que a letra cursiva seja introduzida depois de a criança já estar alfabetizada. Em geral, é por volta dos sete anos que ela já tem a apropriação motora de movimentos específicos para a "letra de mão". Não há porquê os pais estimularem esse tipo de escrita antes dessa idade

Na faixa etária que vai da educação infantil ao início do ensino fundamental, aprender a ler e a escrever um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde não significa ser mais ou menos inteligente; comparar o ritmo de diferentes crianças não contribui para o sucesso da alfabetização


Fonte:

Folha de S. Paulo
Edição: F.C.
18.06.2009




Primeiras letras parte I






Aos cinco anos completar a alfabetização. É muito cedo? É o esperado? Não é de agora que as dúvidas angustiam os pais, mas a mudança curricular que aumentou o número de anos do ensino fundamental e antecipou para os seis anos a entrada na primeira série, ou seja, na chamada educação formal, colocou mais água na sopa de letras da alfabetização infantil.

"Há algum tempo, escolas particulares já aceleram a alfabetização. Com a mudança de lei do ensino fundamental, somou-se a pressa anterior a um equívoco sobre a entrada da criança nessa fase escolar. É como se a antiga primeira série (que as crianças cursavam a partir dos sete anos) tivesse de ser feita mais cedo", diz Vitória Regis Gabay de Sá, coordenadora pedagógica da escola de educação infantil Jacarandá, em São Paulo.

O problema, segundo Gabay de Sá, é o entendimento do que seja a alfabetização. "A produção escrita é resultado de um processo que começa muito antes. A criança vai construindo competências e adquirindo condições físicas, emocionais e cognitivas para representar por meio da escrita, mas querer esse resultado mais cedo "atropela" o processo e aí é que está o equívoco. Aprender antes não significa aprender melhor."

Exigência social

Cristina Nogueira Barelli, mestre em linguística e coordenadora do curso de pedagogia do Instituto Singularidades, de São Paulo, diz que as adaptações curriculares surgem por uma exigência natural da sociedade. "Não é a escola que quer alfabetizar antes, é o mundo contemporâneo. A escrita está posta para a criança, e ela se permite alfabetizar mais cedo."

Barelli acredita que, quando os pais pensam em alfabetização precoce, eles tomam como padrão a idade em que eles próprios se alfabetizaram e ficam angustiados por acharem que a criança está se escolarizando cedo demais.

"Mas [a alfabetização] pode ser bem-vinda mais cedo, desde que não seja colocada como uma expectativa de sucesso ou fracasso no desempenho escolar."

Mundo letrado

A premissa para iniciar mais cedo o processo é que, atualmente, as crianças têm muito mais contato com o mundo letrado, "não só na escola mas também em casa, na rua, no shopping, na banca de jornal, no computador", diz Adília Cristófaro, orientadora pedagógica-educacional.

Segundo Cristófaro, o processo começa no início da educação infantil e se estende até depois da primeira série da educação fundamental. Desde os três anos, práticas de leitura e escrita permeiam as atividades, de forma adequada a cada faixa etária. "São lidas histórias para as crianças, o nome delas é escrito nas folhas dos trabalhos etc.", conta a educadora.

Gabay de Sá lembra que o processo leva tempo e que não é feito apenas de atividades diretamente relacionadas à linguagem escrita. Ela cita como exemplo atividades corporais, que trabalham noção espacial e coordenação motora. "São habilidades necessárias para [o ato de] escrever. Mas, às vezes, os adultos acham que é só "brincadeira"." Para a educadora, não é somente na hora em que a criança está trabalhando com papel e lápis que ela está se preparando para a alfabetização.

Fonte:

Folha de S. Paulo


Edição: F.C.

18.06.2009
 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mensagem do Dia: A Busca



Tem coisas que a gente lê  que caeem como uma luva.


Por Paulo Coelho

Sempre antes de realizar um sonho, a Alma do Mundo resolve testar tudo aquilo que foi aprendido durante a caminhada. Ela faz isto não porque seja má, mas para que possamos, junto com o nosso sonho, conquistar também as lições que aprendemos seguindo em direção a ele.

É o momento em que a maior parte das pessoas desiste. É o que chamamos, em linguagem do deserto, de “morrer de sede quando as tamareiras já apareceram no horizonte”.

Confie em seu coração, mas não se esqueça de que você está no deserto.

Ninguém deixa de sofrer as consequências de cada coisa que se passa debaixo do sol.

Uma busca começa sempre com a Sorte de Principiante. E termina sempre com a Prova do Conquistador.



sábado, 18 de setembro de 2010

Crianças resilientes




Por Ceres Araujo

"Resiliência é a capacidade universal de superar as adversidades da vida e de ser fortalecido por elas"

Hoje, na era de tantas aquisições tecnológicas, da comunicação em tempo real, da ultrapassagem da barreira das línguas, crianças continuam a passar fome, a conhecer o sofrimento do abandono, da violência, do abuso, da pobreza crônica. Crianças nascem já vivendo a marginalização e a discriminação por pertencerem a minorias radicais e étnicas.

Crianças experimentam dor desde idades muito precoces, por serem filhos de pais severamente neuróticos, deprimidos, drogadictos ou delinqüentes. Crianças vivem altos níveis de estresse, por serem filhos de famílias que viveram separações litigiosas e traumatizantes, que sofreram severos problemas econômicos.

Crianças se sentem desorientadas, perdidas numa época tão rica de estímulos, mas tão pobre em ética, princípios e valores. Entretanto, desses grupos, onde o que prepondera é o sofrimento, emergem crianças altamente resilientes. São crianças que confrontaram adversidades, que transformaram perdas em desafios, que lutaram e venceram e que se curaram sozinhas. Parecem ser crianças que quanto mais feridas, com mais força se afirmam no mundo e crescem como adultos resilientes.

Resiliência é um conceito que foi emprestado da Física, onde é entendida como a propriedade que têm os metais de resistir a golpes e de recuperar sua estrutura interna.

Do ponto de vista das Ciências Humanas, resiliência é a capacidade universal de superar as adversidades da vida e de ser fortalecido por elas. É parte do processo do crescimento e pode ser promovida desde o nascimento.

Os estudos sobre resiliência datam das últimas décadas, porém a idéia de resiliência é quase tão antiga quanto o mundo. A luta pela sobrevivência entre os pobres e oprimidos, em todos os tempos e lugares, gerou certa forma de resiliência. O fenômeno da resiliência evoca os velhos mitos de heróis invulneráveis. É um fenômeno encontrado na mitologia, na história, na arte, na religião. São exemplos de resiliência, entre muitos outros, a vida e a obra de Jean Piaget, Máximo Gorki, Aleijadinho. Outro exemplo notável pode ser visto no diário de Anne Frank. Uma jovem, aos 12 anos, condenada a viver escondida com sua família, para tentar escapar à perseguição nazista, escreveu um diário sob a forma de cartas dirigidas a uma amiga fictícia, por quem se sentia incondicionalmente aceita..."Não penso na angústia, mas penso na beleza de ainda viver".

Não é necessário voltar ao passado ou citar celebridades ou observar realidades tão distantes para verificar exemplos de resiliência. Basta olhar ao nosso redor para enxergar um resiliente. É possível ver, em favelas, algumas crianças que vivem em condições miseráveis, e mesmo assim conseguem se sobressair nos estudos. Há pessoas que nascem com deficiências físicas importantes, a ponto de ter a escolaridade prejudicada e que conseguem se destacar profissionalmente. Há aqueles que ficam por muito tempo desempregados e depois se sobressaem nos seus próprios negócios. Trata-se de algumas, entre várias situações de resiliência que podem ser assinaladas.

Os fatores de risco, expressos em termos de prejuízos, podem paradoxalmente criar no indivíduo uma espécie de escudo - suas resiliências. As pessoas resilientes transformam os fatores de risco em desafios, os quais passam a ser confrontados e podem ser superados.

Atualmente a psicologia do desenvolvimento está muito interessada em identificar os fatores que contribuem para reforçar a capacidade de resiliência. Sabe-se que ela não é uma capacidade fixa, mas que pode variar com o tempo e com as circunstâncias.

Podem ser descritas várias características das pessoas que possuem maior capacidade para resiliência: Inteligência, capacidade de reflexão, possibilidade de independência, capacidade de relacionamento, capacidade de iniciativa, humor, criatividade, noção interna de ética, dentre outras. Mas, para que uma criança cresça e se desenvolva como resiliente, ela precisa ter pais que sejam modelos de identidade valorizados e íntegros.

Sentir-se incondicionalmente amada, por pais respeitáveis, garante para a criança a confiança em si mesmo, a capacidade para auto-apreciação, a capacidade para controle da impulsividade, a capacidade de empatia, o sentido de coerência, o significado e a finalidade quanto à própria vida.

Cabe aos pais, cuidarem de sua da própria integridade física e psicológica, pois, assim, contribuirão para que o filho se sinta seguro e confiante no ambiente familiar e, por consequência, confiante na bondade das pessoas em geral e esperançoso na bondade do destino.

Sentir-se incondicionalmente aceito por pais valorizados traz um incentivo de valor inestimável para o desenvolvimento da criança e dá forças para que ela enfrente dificuldades e supere adversidades.

Nós todos almejamos um mundo "cor-de-rosa" para nossos filhos e ficamos penalizados quando precisamos ajudá-los a suportar dores, enfrentar frustrações e a curar feridas. O mundo "cor-de-rosa" não existe, as adversidades por certo virão. Precisamos criar crianças resilientes, que aprendam com seus erros, fracassos e decepções e que se tornem cada vez mais resistentes, mais fortes e mais crentes em vitórias.


Texto extraído do site:




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mães e pais brasileiros são os mais protetores




Por Ana Paula Pontes


Seu coração fica na boca quando você olha seu filho todo feliz a mil no balanço no parquinho. E quando ele toma um tombo de bicicleta, então. Saiba que há muitos pais e mães como você, que sentem um receio enorme de o filho ganhar um curativo no joelho. Uma pesquisa encomendada pela OMO, realizada com quatro países (Argentina, Brasil, França e Reino Unido), revelou que os pais brasileiros são mais receosos em dar liberdade aos filhos para novas experiências na hora da brincadeira.

O estudo foi feito com 800 crianças, de 8 a 13 anos, acompanhadas dos pais, e analisou os sentimentos de ambos sobre a oportunidade de vivenciar algo novo. Apesar de 61% dos pais brasileiros concordar sobre a importância dessa “aventura” para o desenvolvimento infantil, 82% alega que o impedimento se dá por conta da preocupação de que o filho se machuque.

De acordo com Quézia Bombonatto, psicopedagoga, terapeuta familiar e presidente da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), faz parte da cultura dos pais brasileiros demorarem um pouco mais para “soltar” as crianças. Um dos fatores é a falta de segurança nas cidades. Por isso, afirma a especialista, não dá para limitar ainda mais os filhos quando eles têm oportunidade para conhecer. “Superproteção é algo perigoso e impede os filhos de crescer. É claro que a criança precisa ser protegida, mas não em excesso.”

Quando os pesquisadores pediram às crianças que imaginassem qualquer coisa no mundo que podiam fazer, 22% das brasileiras afirmaram que gostariam de cuidar de animais em zoológico e 24% tinham desejo de experimentar atividades radicais, como mountain bike. A criança precisa ser estimulada a experimentar, testar seus próprios limites dentro do que ela pode. “Você não pode impedir o seu filho de aprender a andar de bicicleta só pelo medo de que ele caia”, afirma. E ressalta: “não dá para achar que a criança vai se desenvolver se ela não tiver nenhuma experiência”.

Texto extraído do site:




sábado, 11 de setembro de 2010

Os benefícios dos animais de estimação




Por Juliana Lopes


Cachorros, gatos, peixes e outros pets são considerados em muitos lares como um membro da família. E na maior parte das vezes, a ideia de trazer esses animaizinhos de estimação vem de crianças e adolescentes. Segundo a pesquisa Radar Pet, realizada pela Comissão de Animais de Companhia (Comac), do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN), a relação com os filhos que determina em 40% a penetração de cães e gatos nas casas.

A companhia desses bichinhos já é estimulada logo na infância sem que a criançada perceba.

Os pets estão reproduzidos em desenhos que fazem parte da decoração, do quarto, das brincadeiras e dos programas de TV. Quando o contato com os mascotes acontece de fato, áreas do cérebro relacionadas com as emoções são ativadas, o que também traz a sensação de bem-estar. Não é a toa que muitos deles são usados em terapias, até mesmo dentro dos hospitais. Uma pesquisa feita pela Universidade Loyola, em Chicago, mostrou que acariciar um cachorro pode ajudar pacientes internados a reduzir pela metade a quantidade de analgésicos que precisam tomar.

Não só a ciência que explica essa relação de amor entre crianças e pets. Eléa de Matos Vituzzo, médica veterinária e diretora clínica do Planeta PET, aponta que as mudanças na sociedade explicam o fato das crianças procurarem mais um animal de companhia. Para a veterinária, o crescimento das cidades fez com que os pequenos deixassem a brincadeira de rua para ficar mais em casa. "Muitos agora se sentem sozinhos. A solução para preencher o vazio urbano é um animal de estimação, este ocupa agora o lugar daquele cachorro que ficava no quintal guardando a casa. Ele agora está dentro do imóvel, um amigão para todas as horas", diz.

Dessa forma, antes de escolher o melhor bichinho para fazer parte da família, é necessário assumir uma responsabilidade com seus filhos. "Afinal, as crianças, dependente da idade, não tem condições de cuidar integramente de um animal. Para desenvolver seu senso de responsabilidade e cuidado com o outro - além da doação de carinhos -, ela deve assumir pequenas tarefas, como trocar a água, alimentar e, vez por outra, limpar fezes e urina. Pode também participar, junto com os pais, da educação do animal. Por outro lado, ela não é capaz de identificar doenças e levar o pet periodicamente ao Veterinário, dar banho ou passear com o cão, por exemplo. Ela não pode, em resumo, prover para seu Pet coisas que ainda está aprendendo com seus pais dentro do processo educativo", aponta a médica veterinária. Mais do que trazer alegria, os pais devem deixar claro que o novo bichinho sente frio, fome e medo, por isso, precisa ser tratado com dedicação, respeito e carinho.

Também é fundamental que pais e filhos pesquisem sobre raça e necessidades de cada um. Fatores como espaço, hábitos de vida da família e idade da criança devem ser avaliados, segundo especialistas. Além de consultar um médico veterinário, uma boa opção é consultar o site do Kennel Club, no caso dos pais que queiram adotar um cachorrinho. Através da tabela "Escolha o seu cão", é possível determinar as raças conforme o espaço de convívio, grau de agressividade, aptidão para companhia, entre outros fatores.


Texto extraído do site:



quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Lateralidade: a minoria dos canhotos




Em bebês com menos de um ano de idade a lateralidade não está definida e eles estendem alternadamente as mãos direita e esquerda para pegar e manipular objetos, não evidenciando preferência por nenhuma delas. A definição de qual mão será a predominante em geral se estabelece próximo aos três anos de idade, mas há um período variável durante o qual haverá alternância entre a direita e a esquerda.

A hereditariedade exerce um papel fundamental na definição da lateralidade predominante, mas outras influências também atuam na determinação se uma criança vai ser destra ou canhota. Em alguns países islâmicos e orientais, por razões religiosas ou culturais, as crianças são impedidas de desenvolverem atividades com a mão esquerda, o que era comum também no ocidente até quase a metade do século passado.

Quando não há interferência dos adultos no sentido de coibir o uso da mão esquerda, em torno de 8 a 10% das crianças desenvolvem a predominância lateral esquerda, o que significa que o lado do cérebro predominante é o oposto, ou seja, o direito (consequentemente, os destros têm o hemisfério cerebral esquerdo predominante).

Não está definido a causa desta diferença entre as crianças ou porque há uma ampla maioria de destros em relação aos canhotos, mas está definitivamente esclarecido que em relação a outros aspectos do desenvolvimento como inteligência, aprendizagem ou personalidade, não há nenhuma associação com a lateralidade.

Portanto, não há nada de errado com os canhotos. São apenas integrantes de uma minoria, cuja prática de utilizar a mão esquerda em suas atividades diárias não significa uma anormalidade que precise ser “corrigida”.

Algumas curiosidades sobre os o termo esquerdo e os canhotos:

Em várias línguas, o termo esquerdo é associado a aspectos negativos (em francês “gauche” também quer dizer desajeitado ou maldito; em espanhol “siniestro” significa também mau agouro; o “maldestro” do italiano também se refere a desengonçado e na Rússia “levaya stonorá” - lado esquerdo-, também vale para lado errado. Em português, bem, basta dizer que quem vai defender a justiça, faz o curso de direito.

Alguns canhotos famosos: Benjamin Franklin, Beethoven, Charles Chaplin, Goethe, Leonardo da Vinci e Picasso. O atual presidente dos EUA é canhoto.

A lateralidade esquerda é mais frequente no sexo masculino (estima-se que há o dobro de homens canhotos em relação às mulheres).

Canhotos se destacam em alguns esportes, como beisebol, natação e esgrima e quase 40% dos melhores tenistas profissionais são canhotos.

O Dia do Canhoto é dia 13 de agosto.


Fonte: Aprendendo a vida: Lateralidade: a minoria dos canhotos


terça-feira, 7 de setembro de 2010

As principais fases da linguagem





Aqui está um breve resumo sobre como a criança evolui em relação ao desenvolvimento de sua linguagem no primeiro ano de vida até ampliar seu vocabulário e formar frases.

Estas fases da linguagem podem ser resumidas assim:

- Primeiro trimestre (do nascimento até completar três meses de idade)

Linguagem pré-verbal: olha para a face das demais pessoas, vocalização (balbucio) e sorriso.

- Segundo trimestre (dos três meses até completar seis meses de idade)

Vocalização mais ampla e associada a expressões faciais e corporais.

- Terceiro trimestre (dos seis meses até completar nove meses de idade)

A linguagem se enriquece com sons silábicos cada vez mais expressivos e ricos (repetição de sílabas: ta-tá-ta ou ba-bá-bá ou ne-nê-nê, por exemplo, o que é denominado lalação); expressa-se com linguagem corporal e gestual.

- Quarto trimestre (dos nove meses até completar doze meses de idade)

Começa a linguagem simbólica, onde as sílabas ou palavras curtas estão vinculadas às pessoas ou objetos (ma-ma, pa-pa), pode manifestar a chamada “palavra-frase”, onde uma única palavra ou sílaba tem o significado de uma frase inteira (como “bola” significando “me dá a bola” ou “vamos jogar bola”, etc.). Neste período a linguagem compreensiva é muito mais ampla do que a expressiva (não fala quase nada, mas entende “tudo”).

- Segundo ano de vida

Após completar um ano de idade, há uma ampla variação no ritmo em que cada criança vai desenvolver sua linguagem. A maioria começa a pronunciar palavras e algumas a formar frases curtas de duas ou três palavras.

Desenvolvimento da criança: entre os três e os cinco anos

Esta é uma idade durante a qual os pais têm um pouco mais de tranquilidade em relação aos filhos, pois estes estão vivenciando uma fase mais estável, de mais independência e autocuidado. Já não é necessário um controle tão rigoroso, pois a criança tem um comportamento mais adequado, aceita compromissos e tolera períodos cada vez maiores longe dos pais.

Entretanto, em muitas crianças são frequentes avanços e retrocessos nos comportamentos (ora agindo como crianças menores e ora com mais maturidade).

Nesta idade a criança tem um acentuado desenvolvimento nas áreas de linguagem, coordenação e aprendizagem. Desenvolve a capacidade para usar símbolos em pensamentos e ações e consegue lidar melhor com conceitos como idade, espaço, tempo e moralidade. Entretanto, não separa ainda o real do irreal e grande parte do seu pensamento é egocêntrico (é incapaz de considerar o ponto de vista de outras pessoas).

A criança demonstra uma evolução significativa na interação com outras crianças e adultos e aprende funções consideradas adequadas ao papel sexual, bem como comportamentos socialmente aceitáveis. Assimila também o conceito de certo e errado, bom e ruim, embora ainda tenha dificuldade para entender as justificativas para estes conceitos.

É frequente a criança desta idade assumir o sentido literal das palavras e frases e gostar de contar histórias da família sem inibição ou “censura”.

Esta é a fase típica dos “por quês”, pois a criança frequentemente demonstra curiosidade e interesse por tudo o que ocorre a sua volta.

O desenvolvimento rápido da linguagem e a dificuldade para coordenar pensamentos e verbalização provocam uma gagueira normal, que irá diminuir e cessar com o passar do tempo. É normal também nesta idade a criança ter uma fala com troca de letras (“b” e “p”, por exemplo) e sílabas (“mánica” em lugar de máquina).

As brincadeiras agora são mais organizadas e cooperativas entre as crianças (brincam juntas, cooperam e interagem umas com as outras). A fantasia e o “faz de conta” estão muito presentes o que faz a criança muitas vezes confundir as brincadeiras com a realidade. Os amigos imaginários também são frequentes nesta idade.

Também nesta idade a criança demonstra medos relacionados à fantasia e à imaginação (do escuro, de monstros e de fantasmas, entre outros).

No final deste período a criança está pronta para ingressar no sistema formal de ensino e iniciar o processo de alfabetização.

Crianças entre 2 e 3 anos frequentemente apresentam disfluência (gaguejam), mas isto geralmente é normal e transitório.

Muitas crianças entre dois e quatro anos de idade apresentam episódios de gagueira ou disfluência (repetição de sílabas ou palavras). Geralmente estes episódios são transitórios e duram poucos meses, ocorrendo em consequência de uma combinação de vários fatores que interagem entre si durante o desenvolvimento da fala. Um destes fatores é a presença de um raciocino mental muito mais veloz do que a capacidade de articular palavras e organizar frases nesta idade.

O rápido fluxo de pensamentos, geralmente associado à ansiedade para contar rapidamente algo importante ou que impressionou muito, também contribui para que a criança apresente alguma dificuldade para produzir um ritmo regular e suave em sua fala. Esta disfluência pode aumentar quando a criança está ansiosa, cansada ou doente e quando está tentando dominar muitas palavras novas.

Os pais podem ficar tranquilos quanto à excelente evolução deste distúrbio transitório da linguagem e devem ser orientados a não interferirem ou chamarem a atenção para o fato. Sua contribuição estará em proporcionarem como exemplo uma linguagem simples e com fluxo calmo, assim como terem paciência e tempo disponíveis para permitirem à criança organizar a coordenação de seus pensamentos com a fala. Pais ansiosos quanto ao fato do filho gaguejar pode acentuar uma característica que irá desaparecer naturalmente.

Uma minoria das crianças que apresentam disfluência nesta idade, cerca de 1 ou 2%, necessitará de tratamento especializado. Estes poucos casos, que persistem por mais tempo do que o habitual, podem estar associados a uma história familiar de gagueira, sugerindo uma predisposição hereditária.

Uma característica que pode estar relacionada com a tendência da gagueira tornar-se um problema persistente é a percepção pela criança da dificuldade para articular as palavras, gerando sinais de ansiedade como fazer caretas, ou bater o pé. Nestes casos, onde a criança tem consciência do problema e percebe que sua fala está sendo julgada como fora do padrão normal, ela pode ter sua auto-estima prejudicada.

A disfluência que persiste após os cinco anos de idade, está associada a outros distúrbios da linguagem ou quando a criança manifesta preocupação quanto ao fato de estar gaguejando necessita de avaliação e tratamento.

Uma pesquisa publicada na revista Pediatrics (janeiro de 2009) realizada com 1619 crianças australianas com menos de 3 anos de idade mostrou um percentual de 8,5% de casos com gagueira confirmada. A idade média de início foi de 30 meses de idade. A maioria dos pais observou o início da gagueira quando a criança começou a unir três ou mais palavras numa frase. Um grande vocabulário da criança foi associado a maior incidência de gagueira na criança pequena.

Esta pesquisa reforça a necessidade de os pais e outros profissionais que cuidam de crianças estarem cientes de que o fato da criança começar a gaguejar antes dos 3 anos de idade é muito frequente (especialmente em crianças com amplo vocabulário), casual (não é uma característica constante na fala da criança) e desaparece com o tempo.


Jorge Montardo



Médico Pediatra / Mestre em Educação

Fonte: Aprendendo a vida: Divulgue, reproduza, mas plágio não!



Aos 3 anos, as crianças parecem adolescentes?




Por Anne Lise Scapaticci

Sabem o que tenho percebido ultimamente e com frequência? Pais completamente confusos, paralisados e queixosos pedindo ajuda porque seus filhos de 3 anos estão na adolescência!!!

O pequeno “boss” da situação manda e comanda toda a família, todos o temem porque ele não tolera nenhuma frustração, tem verdadeiros chiliques, dá respostas atravessadas como um verdadeiro adolescente! Quando seus pais reprovam alguma conduta ele (a) reage: “bla, bla, bla!”, deixando a família sem graça na frente dos outros!

Do que se trata esse novo fenômeno? É frequente, mas é normal? Sabemos que, aos 3 anos, do ponto de vista do nosso “velho e bom” Freud, a criança vive a fase Edípica. Freud traz como o modelo o mito de Édipo, no qual o jovem mata o pai e apaixona-se pela mãe para trazer o funcionamento onipotente da infância. A criança deseja o impossível de maneira poderosa, autoritária, egocêntrica e precisa do limite de um casal presente, bem estruturado para organizar-se e, assim, adquirir as regras sociais. Sim! Ela deseja, por exemplo, comandar, mas tem o pai que interdita, dá limites, diz que não pode! Assim, a criança temendo o pai ou, ainda, por temer perder o amor de seus pais, acaba por desistir e internalizar as regras. Freud chamou essa “instância psíquica” de Super Ego. Ela corresponde à moral, às regras, àquilo que podemos fazer ou às proibições.

O que quero dizer? Que as crianças de 3 anos começam a dizer “não”, em parte porque querem se sentir aceitas e, em parte para contrariar, ou seja, testar os adultos. Acontece que os pais de hoje não estão em 1890 ou 1900 – como Freud -, mas são famílias de pais separados, recasados, gays e, finalmente, famílias que desejam dar aos filhos “aquela liberdade e importância que eles não tiveram”.

É uma turbulência emocional na cabeça da criança, dos pais, dos profissionais e para mim também. Vocês querem que o psicanalista resolva essa bagunça?! Pequenos “chefinhos” que ninguém suporta, irritados, destruindo consultórios?!

Bom, estou tentando tratar um assunto sério de maneira bem humorada! Na verdade, 3 anos é uma idade belíssima de desafios e descobertas e não devemos chamar de adolescência essa fase, apesar de ser muito intensa.

E como fazer para transformar essa fase no que ela é naturalmente? Dando uma resposta para a criança por meio de uma família realmente presente, modelo de “autor-idade” para ela. Caso contrário, ela cresce se sentindo frágil, já que ninguém a enfrenta, todos têm medo dela. A pior coisa que existe é uma criança que sente que os adultos a temem!!

Texto extraído do site:

http://revistacrescer.globo.com/


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Filho único: o reizinho da casa?





Por Laura Dias


Quando Cazuza compôs a canção Filho Único, em 1989, pais e mães de classes média e alta aprendiam a lidar com projetos de gente que cresciam sem irmãos e tornavam-se, muitas vezes, pequenos ditadores. Começava a era do filho único. Muitas vezes por falta de dinheiro, ou de tempo, a opção por ter apenas um herdeiro ganhava força.

Vinte anos depois da letra de Cazuza, assumidamente mimado e rebelde, os casais se rendem ao filho único. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as famílias brasileiras têm, em média, menos de dois filhos. Os números fazem parte do relatório preliminar Contagem de População 2007, realizado pelo instituto. Nos anos 90, uma em cada dez mães tinha apenas um filho. Hoje, o índice pulou para uma em cada três.

Mais escolhas

A opção é mais comum entre a classe média e alta. “Quanto maior a escolaridade e a renda, menos filhos”, afirma Ana Lúcia Sabóia. Para ela, o ingresso maciço da mulher no mercado de trabalho e a disseminação dos métodos contraceptivos contribuíram para esse quadro. Hoje, ao contrário de 30 anos atrás, a mulher tem meios eficazes para decidir quantos filhos quer ter.

A antropóloga Mirian Goldenberg, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concorda. “Os casamentos e as famílias são mais flexíveis”, diz. Ela explica que se trata de uma tendência mundial ter um único filho ou até não ter filhos, como vem acontecendo na Europa. “Muitas mulheres querem investir no estudo, na profissão e em uma vida mais livre.” Em resumo, a mulher do século 21 tem outros desejos além da vida familiar: as escolhas são maiores.

Soma-se a esses fatores a preocupação cada vez mais forte que os pais têm de dar conforto financeiro e atenção às crianças. E isso tem fundamento. Um estudo realizado pelo professor de finanças da FGV/SP e da PUC/SP Fabio Gallo Garcia mostra que, em 2007, um filho gastava cerca de R$ 400 mil em famílias de classe média, levando-se em conta apenas gastos com a educação, do berçário até a faculdade. “Não tenho estimativas de gastos com saúde e alimentação mas, se há um segundo filho, apesar de a família reaproveitar alguns itens, as despesas também podem dobrar”, diz.

Mimado demais?

Se alguns tabus referentes à entrada da mulher no mercado de trabalho foram quebrados, mitos relacionados aos filhos únicos também caíram por terra. Crianças sem irmãos já não são chamadas de egoístas e infelizes, como sugeria a letra de Cazuza. Uma pesquisa do departamento de psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, feita com 360 jovens entre 15 e 19 anos de Porto Alegre, mostrou que aqueles que eram filhos únicos apresentavam melhor rendimento escolar do que os que tinham irmãos, e ingeriam menos bebidas alcoólicas. Em relação à vida social, tanto filhos únicos quanto crianças com irmãos tinham hábitos semelhantes.

Mesmo assim, quem tem um filho só precisa, sim, ficar mais atento, defende o psiquiatra Alexandre Saadeh. “Por ser, como o próprio termo diz, ‘único’, ele é visto como especial, o que pode dificultar a socialização com outras crianças e adultos.” Evitar esse comportamento é o grande desafio dos pais — dos que têm mais de um filho também, claro.

A escola, aliás, é um ótimo espaço para exercitar os relacionamentos, já que repartir, ceder, esperar e outros sentimentos tão difíceis de entender na infância fazem parte do dia-a-dia ali.

Bem resolvido

Por outro lado, se a atenção exclusiva em excesso pode prejudicar os filhos únicos, é exatamente isso que os torna crianças mais seguras. “Eles têm a auto-estima bem desenvolvida, já que são reconhecidos em tudo o que fazem.”

Com o aumento de segundos casamentos, a psicanalista Suely Gevertz acredita que “filhos únicos” de uma mesma mãe serão cada vez mais comuns, pois as configurações familiares se transformam com o tempo. Hoje, temos, por exemplo, famílias de pais separados que se casaram novamente: meio-irmãos e crianças que não são irmãos, porém vivem na mesma casa, madrastas, padrastos, enteados e assim por diante. “O que não muda, porém, é a função dos pais”, afirma Suely. E nem as vontades dos filhos...

O que vai acontecer, então, com essa geração de crianças sem irmãos? Para a educadora Maria Ângela Barbato Carneiro, a solução está no convívio com primos, vizinhos, amigos e colegas de escola. “Para tanto, os pais devem estimular as atividades em grupo, como jogos, brincadeiras e aulas extracurriculares”, afirma. Pois é brincando com outras crianças que elas amadurecem.

O que, com o aumento dos filhos únicos, não será tarefa difícil. Outras famílias estão buscando o mesmo: basta que elas se encontrem.


Texto extraído do site:



domingo, 5 de setembro de 2010

Fases difíceis no desenvolvimento infantil





Se você olha para seu filho e pensa: “quando bebezinho, ele era tão fofinho que eu tinha vontade de comê-lo. Hoje, eu me pergunto, porque eu não comi?”, é hora de entender porque certas etapas do desenvolvimento infantil são mais difíceis.

Se o filho está apresentando comportamentos que desafiam a paciência dos pais, pela frequência e insistência com que ocorrem, não é de admirar-se que muitas vezes estes quase percam o controle e fiquem ansiosos para que esta fase seja substituída por períodos mais tranquilos.

Nestas fases, na maior parte das vezes, as sugestões não são aceitas. Se os pais querem ir embora, a criança quer ficar. Se eles dizem que está frio, ela insiste em não se agasalhar. Além disso, a criança se considera o centro do universo: não há nada mais importante e urgente do que as suas necessidades, idéias e pensamentos. Contrariá-la significa a certeza de chuvas e trovoadas.

Nestes momentos os pais estão sendo colocados à prova para estabelecer de forma justa e equilibrada a permissão para a conquista de uma necessária independência, sem descuidar-se de impor alguns limites imprescindíveis. Mas conciliar esta relação e fazer com que ela seja aceita pelo filho é uma tarefa que em certos momentos é difícil e que exige muita paciência e negociação.

Estas fases se manifestam de forma mais intensa em certos momentos porque estes são períodos de desequilíbrio no processo de desenvolvimento, durante os quais muitas características estão alterando-se rapidamente e a assimilação destas mudanças são difíceis. Elas são típicas da criança em por volta dos dois anos de idade e no início da adolescência.

Descobrir-se com novas habilidades, saber exatamente o que fazer com elas e até onde pode ir com segurança, são desafios a serem enfrentados pela criança e pelo adolescente. Os padrões antigos de comportamento já não funcionam mais, entretanto, os novos ainda não foram definitivamente consolidados.

Tanto a criança de dois anos como o jovem adolescente estão na busca de mais independência, procurando caminhos para estabelecer suas próprias identidades. Quando os pais se conscientizam da necessidade do filho conquistar sua vida própria, e que para isto alguns períodos difíceis de transição são necessários, terão mais tranquilidade para enfrentarem os desafios. E todos, pais e filhos, estarão prontos para vivenciar novas e mais tranquilas etapas.

Crescimento e desenvolvimento confundem características transitórias de determinados estágios do desenvolvimento dos filhos como definitivas.

O período da infância é subdividido em fases ou estágios, cada um deles com características próprias, durante os quais a criança vê o mundo e age de modo diferente, interage com as pessoas e o ambiente de forma diferente e está preocupada com questões diferentes.

Diversas linhas e teorias definem as fases ou estágios do desenvolvimento infantil, desde as que analisam o desenvolvimento neuro-psico-motor até aquelas clássicas desenvolvidas por autores como Freud, Piaget, entre outros.

Em linhas gerais, os estágios mantêm uma sequência estável, nenhum é omitido, cada um é uma sequência do anterior e base para o seguinte, sendo que, apesar de cada fase ter uma idade aproximada durante a qual deve ocorrer, cada criança tem o seu próprio ritmo. Portanto, mesmo considerando que a sequência é sempre a mesma (todos passam por todas as fases), há variações individuais que dependem de características pessoais, estímulos, etc.

Conhecer as características de cada fase ajuda a identificar o que é normal e os desvios da normalidade. Assim o hábito do bebê levar tudo o que estiver ao seu alcance à boca, as crises de brabeza, a contestação dos limites, a insistência em responder todas as perguntas com um “não”, vivenciar fantasias, manipular os órgãos genitais, manifestar uma curiosidade insaciável evidenciada pelo insistente “por quê?”, gostar de fazer coleções, entre tantas outras, são características transitórias e serão abandonadas na fase seguinte.

Um exemplo da transitoriedade destas características e da confusão entre a normalidade e o distúrbio é a agitação da criança em torno de dois anos de idade. De forma equivocada esta hiperatividade, normal e saudável, é às vezes classificada como distúrbio e algumas destas crianças até recebem tratamento!

Portanto, aqui o velho ditado “não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe” é uma realidade. As fases difíceis irão passar com o tempo, mas ao mesmo tempo a criança cresce, cria asas e voa...


Jorge Montardo



Médico Pediatra / Mestre em Educação

Fonte: Aprendendo a vida: Divulgue, reproduza, mas plágio não!


 

sábado, 4 de setembro de 2010

Nossas crianças estão sendo precocemente erotizadas?





Por Ceres Araujo

A sexualidade dos novos tempos liberais é uma sexualidade que tem manifestação muito mais livre, é mais sensualista, recreativa e lúdica. Os padrões repressores de outrora foram abandonados. Os apelos ao sexo inundam a vida cotidiana, exagerados pelas mídias.

A infância, nos dias de hoje, participa plenamente do que acontece ao seu redor e é atingida pelos apelos ao sexo. As crianças, desde idades mais precoces, absorvem informação de todas as ordens. Curiosas, emitem perguntas, fazem solicitações e dão opiniões. O tempo do filho “mudo” faz parte do passado.

Tempos hipermodernos

Nos nossos tempos chamados hipermodernos a família autoritária deu lugar a uma família afetiva, baseada na “livre-escolha” e na proteção. O filho, hoje, comunica suas preferências, exprime seus desejos e pergunta tudo o que lhe vem à mente. As perguntas muito precoces sobre sexo, a imitação de atitudes sensuais e sexuais, que assistem em todos os meios de comunicação, tendem a preocupar e a assustar os pais.

Sabemos que vivemos em uma época tão rica em informações e tão pobre em ética e, infelizmente, não há como poupar as crianças de informações de má qualidade, por mais que se tente bloqueá-las.

Se a evolução da sexualidade para uma sexualidade mais livre, mais prazerosa, trouxe ganhos para adultos e crianças, sua contra parte, a perversão e a pornografia também mostraram sua cara.

Se, na família dos novos tempos, houve um favorecimento dos vínculos da afetividade, se observou também, muitas vezes, a perda da autoridade e da sabedoria dos pais, que se revelaram, muitas vezes, incapazes de cumprir suas obrigações de proteger, educar e socializar seus filhos.

Criança precisa e gosta de limites

Criança precisa e gosta de limites, normas e regras. Eles lhe trazem segurança e proteção. Ela não nasce sabendo o que é certo e errado, o que lhe faz bem e o que lhe faz mal, pois ainda não adquiriu uma ética individual. Ela precisa ser ensinada. Tal ensinamento vai ser ministrado não apenas pelo que os pais falam, mas essencialmente pelo que mostram.

Assim, cumpre aos pais lidar com tranquilidade com as manifestações de seus filhos a respeito de sexo. Devem ir respondendo as perguntas, na proporção adequada à curiosidade da criança, nem mais nem menos. Precisam ensinar aos filhos a diferença entre a sexualidade saudável e a sexualidade pervertida, à medida que eles vão crescendo. Podem limitar e impedir as manifestações grosseiras da sexualidade e devem reforçar as expressões criativas e adequadas.

Como e quanto os pais devem fazer isso? Os critérios para tal serão buscados dentro de si mesmos. Como lidam com sua sexualidade? Como gostam de manifestá-la, como a vivem? Sabendo que vivemos na era do sexo-prazer, devem os pais passar para seus filhos a possibilidade de considerar a sexualidade como um aspecto saudável e criativo de suas personalidades.

Texto extraído do site: