sábado, 28 de agosto de 2010

Dando asas aos filhos





Por Carolina Arêas


E no começo, eram eles dentro de nós. Depois de nascidos, foram cuidados com amor infinito, acalentados e protegidos o tempo todo. Mas, passados os anos, o colo dos pais deixa de ser tão interessante frente ao mundo enorme que se abre para eles. E que bom que é assim. Filho se cria pra vida, não é o que aprendemos? Mas qual o momento certo para largar a mãozinha deles e deixar que experimentem - aos poucos - a liberdade pela qual tanto anseiam?

Impossível não olhar para nossos pequenos (para nós, mães, eles nunca crescem, certo?) sem pensar em cuidar e proteger. O zelo pelos filhos faz parte do pacote que ganhamos automaticamente quando os colocamos no mundo. No dicionário, a definição dá força ao que escrevo. Zelar é tomar conta de alguém com o máximo cuidado e interesse.

Mas excesso de zelo pode comprometer a independência e a confiança da criança, já que ela acaba impedida de experimentar e criar suas próprias defesas em relação ao mundo e à vida.

À medida que o tempo passa mais ela aspiram por sua autonomia e caso não tenham aprendido a fazer por si mesmas e com confiança, a dificuldade de adaptação será enorme. Amor em excesso e superprotetor pode, sim, asfixiar e impedir que a criança tenha oportunidade de ampliar

seus limites ,experimentar a vida, descobrir suas fraquezas, sua força e suas habilidades em lidar com as situações.

Chegou a hora?

Descer de elevador sozinho, ir para escola com os amigos, andar de bicicleta sem a supervisão de um adulto. O melhor momento para você permitir? Não tem resposta padrão. O melhor momento para cada um chega naturalmente quando percebe-se o desenvolvimento e o fortalecimento da independência construída no dia-a-dia. Um filho amado, seguro e estimulado a encarar a vida de frente é o aval para pais conscientes permitirem gradativamente que os horizontes sejam ampliados.

E quem disse que seria fácil? Pais e mães loucos de amor por seus filhos às vezes sofrem demais, sempre em busca de ajudá-los a trilhar da maneira mais feliz possível este muitas vezes complicado caminho da vida.

E no caminho deles sempre vai ter uma pedra. Ou galhos, buracos, depressões. O carro que não parou no sinal, o menino que faz bullying na praça, a bicicleta roubada. Isso é fato. Mas se olharmos pela perspectiva de que são desafios que os farão crescer, amadurecer e se desenvolver, o coração acalma. E mesmo quando nosso lado super-hiper-protetor ficar tentado a agir, o melhor é estar em equilíbrio. Ansiedade por si só, além de ser um tormento mental, drena nossa energia e nada faz para ajudar de fato.

A maior contribuição que podemos dar quando não estamos por perto o tempo todo é transmitir pensamentos calmos e amorosos para que eles, mesmo tropeçando um pouco, possam conseguir. E se fortalecer. A frase do jornalista americano Hodding Carter nunca fez tanto sentido: existem dois legados duradouros que podemos deixar para nossos filhos. Um deles, raízes; o outro, asas.

Texto extraído do site:

http://www.personare.com.br/





quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Selinho


 


Recebi este carinhoso selinho da querida C. Mantovani do blog Desabafos da Alma e aí vão as orientações para repassá-lo.

Regrinhas:

- Poste o selinho em seu blog;

- Responda a pergunta: O que é mágico pra você?

- Coloque uma imagem que você ache mágica;

- Indique o selinho para outras blogueiras.



O que é mágico para você?

Momento mágico são diversos momentos desta nossa curta vida, porém algo que representa magia para mim é a oração.

Já postei um artigo aqui sobre oração e acredito que orar é o poder de entrega além de conquitar serenidade para não desistir nunca dos nossos sonhos.




quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Síndrome de Down: aceitando o diagnóstico




As sensações negativas que os pais experimentam logo que são informados que o filho sofre da síndrome de Down, na maioria dos casos, acabam se transformando em alegria e resiliência – ou seja, capacidade de recuperação diante de adversidades. É o que relataram pesquisadores norte-americanos.

Os autores do estudo revelaram as descobertas preliminares de uma pesquisa online realizada com pais de crianças com síndrome de Down. Iniciada em outubro de 2009, a pesquisa levantou mais de 500 respostas. Segundo pesquisadores das universidades Kansas State e Texas Tech, foram apresentadas diversas similaridades na forma como os pais se sentiram ao saber que o filho sofria da Síndrome de Down.

“A maioria dos pais disse que foi muito devastador e passou por um período de depressão, tristeza, luto e choque, sentindo medo, raiva, descontentamento e impotência”, declarou em um informativo Briana Nelson Goff, diretora de assuntos acadêmicos do College of Human Ecology e professora de estudos da família da Kansas State University.

Entretanto, muitos pais relataram que tais sensações iniciais mais tarde foram substituídas por emoções positivas. Goff explicou: “Diversos pais disseram que o período de desenvolvimento do vínculo afetivo com os filhos foi um dos fatores cruciais para a capacidade de recuperação. Eles precisaram de algum tempo para se dar conta do que estavam enfrentando, e isso os ajudou a se ajustar”.

Pressão profissional

Apesar de não terem sido questionados sobre este tema específico, cerca de 20% dos pais disseram ter tido experiências negativas no contato com profissionais de saúde. Isso incluiu profissionais que colocavam a possibilidade de um aborto como a única opção, ou ainda pais se sentindo pressionados para optar pelo aborto.
“Essa foi a maior surpresa que tivemos com os resultados da pesquisa. Eu esperaria essa pergunta de pais que tiveram seus filhos 20 anos atrás, mas não de pais que tiveram filhos cinco anos atrás”, disse Goff.

Juntamente com sua colega Nicole Springer, da Texas Tech, a especialista pretende publicar um livro com informações da pesquisa e entrevistas de alguns pais. Ambas as pesquisadoras têm filhos portadores da Síndrome de Down.


Texto extraído do site:

http://delas.ig.com.br/filhos


domingo, 22 de agosto de 2010

Fraternidade se ensina


Por Lucia Rosenberg

Pesquisas afirmam que irmão é antidepressivo. Será? Ô coisa boa, saber que se pode contar com alguém incondicionalmente. O amor incondicional não é da natureza de toda relação amorosa – nem se deve esperar isso de qualquer amor. O verdadeiro e profundo amor fraterno é desses: precisou? Vai ter: escuta, cumplicidade, conselho, companhia, empréstimo, carona ou uma dura, também.

É incondicional, mas não necessariamente inato e instintivo como o de mãe. Nada disso. Pense bem: a chegada do irmão é mesmo uma imensa ameaça, é desconhecido o bebê em si e o que ele representa, que lugar vai ocupar e que espaço vai sobrar para o mais velho. Que figura redonda e mais lenta vai tomando conta da sua mãezinha de antes, e quantos impedimentos vão crescendo à medida que a chegada do bebê se aproxima?

Começa aí a importância da atenção dos pais a essa tensão do primeiro filho. Porque vai mesmo demorar um longo tempo até que esse bebê se torne um parceiro, numa relação que valha a pena, que divirta e acrescente algo de bom na vida do maior. Até lá, tem pela frente muitas horas diárias da sua mãe, dedicadas àquela criatura tão desinteressante, estranha e pequena. Quando o ritmo da lida diminui, aquele bebê começa a florescer no sorriso banguela, nas carnes rechonchudas de bochechas e perninhas balançantes que atraem mais a atenção dos adultos - onde antes reinava o mais velho.

Ainda fica pior pro seu lado quando o irmão ganha autonomia de deslocamento – é o fim das construções de blocos, dos maços de figurinhas separados, da escola montada com toda a classe sentada e pronta pra brincadeira começar – o fofinho destrói tudo que vê, baba em tudo que toca, e os adultos acham graça... Mais uns anos e o mais novo descobre como irritar o maior, já aprendeu que na força ele perde, então seus recursos são mais psicológicos. Mesmo assim, em geral, é o maior que leva a bronca, quando acaba por perder a paciência e descer a mão no chatinho – que chora uma dor muito maior que a bordoada que levou. E tem pais que exigem que o mais velho seja exemplo, que proteja sempre o menor porque ele é grande – mesmo que só tenha quatro anos! É mais velho, mas demora muito ainda pra ser grande, não esqueça.

Recomendo que os pais interfiram o mínimo possível. Quanto mais nos metemos, maior a chance de sermos injustos – e isso sim, provoca a raiva. Comparar filhos, então, é o proibido número um. Jamais. Cada um é único e tem seus dotes e limites, é só deixar que se revelem, respeitar, apoiar e estimular cada um a tornar-se o que é. Isso cria felicidade na pessoa e na vida que ela vai cultivar. Ser solidário ao simples fato de que, às vezes, irmão pode ser muito chato ajuda a tolerar e enxergar além disso. Ninguém é perfeito – perfeição, aliás, nem existe. Mesmo. Compreender e aceitar isso ajuda nos vínculos amorosos, pois aprende-se que não é preciso agradar sempre para ser amado. Outro mandamento é jamais estimular a delação – irmão nunca entrega irmão, jamais peça isso a um filho seu se integridade, união e ética forem valores importantes para você.

Os pais também ajudam a fortalecer os laços entre irmãos se permitirem que sua casa se torne um lugar para receber os amigos dos filhos. Dessa forma, as crianças crescem juntas, a intimidade vai se estabelecendo entre todos (os pais sabem com quem seus filhos andam) e as turmas acabam se misturando. Muitas vezes os amigos é que mostram ao irmão os atributos e graças do outro. As famílias que têm por hábito reunir-se para uma refeição diária também ajudam a cultivar a amizade entre todos, pois ali se contam novidades, embates e projetos. Trocam ideias e, juntos, encontram soluções. Então, começam a entender que a união faz a força, mesmo.

As vantagens de ter irmãos não cabem numa coluna. Que irmã ensina irmão a lidar com TPM, enquanto irmão traduz para a menina o significado de alguns grunhidos da espécie, irmã dá colo e subjetividade, irmão dá força e estratégia. Continuo a pensar mais e diferentes delícias da fraternidade, esse respaldo afetivo efetivo que, na verdade, nenhum antidepressivo desse mundo pode oferecer. Irmão é muito melhor.

Texto extraído do site:

http://estilo.uol.com.br/comportamento/

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O jogo de xadrez






Por Paulo Coelho

O jovem disse ao abade do mosteiro:

- Bem que eu gostaria de ser um monge, mas nada aprendi de importante na vida. Tudo que meu pai me ensinou foi jogar xadrez, que não serve para iluminação. Além do mais, aprendi que qualquer jogo é um pecado.

- Pode ser um pecado, mas também pode ser uma diversão, e quem sabe este mosteiro não está precisando um pouco de ambos – foi a resposta.

O abade pediu um tabuleiro de xadrez, chamou um monge, e mandou-o jogar com o rapaz.

Mas antes da partida começar, acrescentou:

- Embora precisemos de diversão, não podemos permitir que todo mundo fique jogando xadrez. Então, teremos apenas o melhor dos jogadores aqui; se nosso monge perder, ele sairá do mosteiro, e abrirá uma vaga para você.

O abade falava sério. O rapaz sentiu que jogava por sua vida, e suou frio; o tabuleiro tornou-se o centro do mundo.

O monge começou a perder. O rapaz atacou, mas então viu o olhar de santidade do outro; a partir deste momento, começou a jogar errado de propósito. Afinal de contas preferia perder, porque o monge podia ser mais útil ao mundo.

De repente, o abade jogou o tabuleiro no chão.

- Você aprendeu muito mais do que lhe ensinaram – disse. – Concentrou-se o suficiente para vencer, foi capaz de lutar pelo que desejava. Em seguida, teve compaixão, e disposição para sacrificar-se em nome de uma nobre causa.

” Seja bem-vindo ao mosteiro, porque sabe equilibrar a disciplina com a misericórdia.”


Texto extraído do site:

http://paulocoelhoblog.com/



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O nascimento de um herói por uma multidão anônima





Por que o egoísmo, o orgulho e a arrogância de alguns faz com que não consigam enxergar o outro como um aliado e dar a quem precisa um "nascimento positivo"?

Por Carmen Padma Jinpa

Ouvi falar de gente que estuda tudo sobre trens ou que acorda bem antes do Sol nascer pra investigar com binóculos a vida dos passarinhos. Pois bem. Nós, corredores amadores, cultivamos a estranha diversão que é seguir as corridas de rua.

Alguém vai dizer que tudo isso é coisa de quem não tem umas roupinhas pra lavar – e eu não discordarei inteiramente. Mas me deixem explicar melhor. Suponha que você ama correr mas desistiu de entrar na rotina de treinos que o esporte exige. Você espera acontecer uma grande corrida de rua, de preferência uma maratona bem clássica. Você pega sua bicicleta e vai seguindo o trajeto dos atletas, admirando e torcendo e rindo do inusitado que é ver a paisagem usual do asfalto transfigurada por aquela onda de gente, os que correm e os que seguem.

A Maratona do Rio de Janeiro é perfeita pra curtir, porque percorre todo o trajeto da orla carioca e acontece sempre num fim de semana de julho, mês em que o calor nos dá uma trégua.

Recentemente, por causa dos ensinamentos do lama Padma Samten, algo além do lindo cenário da corrida chamou minha atenção. Às vezes, já mais pro final da prova, deparamos com mulheres e homens que mergulharam na exaustão. Ele seguem pálidos, trêmulos, com expressões de derrota ou de muita dor. Tem sempre aquele que desacelera e olha pros lados como se estivesse procurando a porta de saída de uma sala de torturas.

E é bem nessa hora que alguém na “plateia” começa a bater palmas e a gritar palavras de encorajamento. E logo tem um monte de gente aplaudindo e gritando: “Vam´bora, vam´bora, não desiste não!”. E sabe o que acontece? Aquele ser arrasado ressuscita bem na sua frente. O rosto brilha, o corpo retoma a postura, a paisagem muda e o sujeito volta a correr, se não com velocidade pelo menos com dignidade. E meia hora depois lá vai ele cruzando a linha, não importa a colocação, centésimo, penúltimo, último: ele foi até o fim.

Penso em tudo isso como aquele fenômeno que o lama Samten chama de “dar nascimento positivo”. Naquele momento, o corredor está se vendo como um infeliz frustrado, prestes a abandonar seu grande sonho. Mas nós não confirmamos esta visão; em vez disso, nós batemos palmas e lhe devolvemos um olhar positivo, um olhar que diz: “Veja, você treinou e chegou até aqui; você está cansado mas ainda tem alguma energia e é capaz de completar a prova; faça sua parte, apenas persista enquanto puder, estamos aqui com você, vá em frente”.

E é com este olhar que nós, uma empolgada tropa de desocupados, damos nascimento a um maratonista.

Qualquer esforço físico ou mental contínuo pode ser muito desmoralizante. Quem experimentou na vida os limites do cansaço vai me entender, e não tem nada a ver com ser atleta. Falo de varar as noites cuidando de um doente, superar as dores e angústias de um retiro intenso de meditação, entregar uma tese de mestrado no penúltimo dia do prazo, passar 12 intermináveis horas em trabalho de parto e por aí vai. O corpo desmorona; a mente experimenta oscilações perigosas de euforia e desespero e talvez os nossos seres queridos – logo eles! – desconfiem de nossa capacidade. Perdidos na confusão de samsara, eles podem até sabotar nosso esforço e nos trazer desânimo em vez de confiança.

Bem, eu desejo que nessas horas todos possamos encontrar alguém que nos dê nascimento positivo, alguém que nos olhe como o herói que nós estamos tentando ser. Mesmo que esse alguém seja um ilustre desconhecido, se me perdoarem o clichê. Ah, sim, e também aspiro a que possamos nós mesmos ofertar este olhar positivo, em todas as direções.

E para aqueles sortudos que encontraram um mestre compassivo e realizado como o nosso lama, bem, sabemos que fica um pouco mais fácil. Ele simplesmente não desiste de nós. Ponto final.


Texto extraído do site:
http://bodisatva.com.br/


sábado, 14 de agosto de 2010

A diferença entre os avanços tecnológicos e os afetivos é alarmante!



Por Rosana Braga

Nos últimos 50 anos, os avanços conquistados na área da tecnologia, da ciência e da medicina foram (e tudo nos leva a crer que serão cada vez mais) inimagináveis.

Nunca evoluímos tanto no desenvolvimento da informática, maquinários, descobertas científicas e também no universo da saúde, especialmente no que se referem à extensão da juventude, cirurgias estéticas e transplantes de órgãos.

Os meios de comunicação também surpreendem os que, há menos de 25 anos, ainda se comunicavam fundamentalmente por telex e linha telefônica - que era disputada a ferro e fogo e custava uma quantia considerável. Quem imaginava que tão rapidamente teríamos câmeras ao vivo, espalhadas pelo mundo todo?

Hoje, a tecnologia nos permite acompanhar a dinâmica do mundo em tempo real. Já se fala até em construir um Avatar de você mesmo para deixar para a posteridade. Ou seja, você já pode ser imortal, o que significa que seus bisnetos, tataranetos e gerações seguintes poderão falar com a sua versão virtual, através de qualquer computador.

Espantoso? Creio que não! Ou melhor, creio que esse avanço é totalmente compatível com a inteligência e a criatividade humana. Porém, espantoso mesmo é o quanto nos mantemos retrógrados e atrasados no campo das emoções. Se traçarmos um paralelo entre esse estonteante crescimento e o amadurecimento afetivo que tivemos no mesmo período, constataremos que estamos diante de um dilema bastante perigoso.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), daqui a 10 anos, a depressão será a segunda causa de improdutividade das pessoas, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. Prevê também, que a cada 30 segundos, pelo menos uma pessoa cometerá suicídio no mundo. Além disso, sabe-se que cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de distúrbios afetivos, incluindo ansiedade, bipolar, TOC, depressão, entre outros.

Agora, pensemos: a expectativa de vida aumenta a cada ano, mas a nossa capacidade de lidar com nossas emoções, expressar nosso afeto ou simplesmente conversar sobre o que nos incomoda continua tão pequena. Bastaria analisarmos o fato de que uma mulher, por exemplo, pode voltar a "ser virgem" por meio de uma cirurgia de reconstituição do hímen e, no entanto, a maioria dos casais sequer consegue falar sobre sua sexualidade e suas dificuldades porque têm medo de se entregar, de confiar ou de compreender melhor suas crenças sobre sexo.

Tudo isso sem falar sobre a tão pouca atitude consciente que ainda temos a respeito da preservação da natureza, ou ainda sobre como ser gentil com as pessoas que mais importam, seja nosso cônjuge, nossos filhos ou familiares. No ambiente de trabalho, quantos ainda cumprem sua carga horária exclusivamente em troca do salário mensal, sem nenhuma perspectiva de transformação humana, sem nenhum comprometimento com a qualidade das relações que mantém a maior parte do dia, da semana, do tempo de sua vida?

Se quisermos realmente vivenciar a felicidade enquanto desfrutamos de avanços como cura de doenças, possibilidades de novos relacionamentos e facilidades tecnológicas, é urgente adotarmos uma nova postura diante da vida. Claro que as atitudes que nos conduzem ao amadurecimento não são resultado apenas de uma decisão, mas certamente este é o primeiro passo. Em seguida, por meio de leituras, terapias, espiritualização e novos aprendizados, é certo que poderemos fazer um ótimo trabalho.

Sobretudo, que não nos enganemos: conhecimento se dá pelo processo de assimilação das informações corretas. Mas sabedoria, aquela que promove a transformação de que tanto precisamos, só é possível quando nossas atitudes são coerentes com o que sabemos. Ou seja, exercício diário, consistente e ininterrupto!


Texto extraído do site:
http://somostodosum.ig.com.br/



Manual de subir montanhas





Palavras certas, nas horas certas...

Por Paulo Coelho

A) Escolha a montanha que deseja subir: não se deixe levar pelos comentários de outros, dizendo “aquela é mais bonita”, ou “esta é mais fácil”. Você irá gastar muita energia e muito entusiasmo para atingir seu objetivo, portanto é o único responsável, e deve ter certeza do que está fazendo.

B) Saiba como chegar diante dela: muitas vezes, a montanha é vista de longe – bela, interessante, cheia de desafios. Mas quando tentamos nos aproximar, o que acontece? As estradas a circundam, existem florestas entre você e e seu objetivo, o que aparece claro no mapa é difícil na vida real. Portanto, tente todas os caminhos, as trilhas, até que um dia você está em frente ao topo que pretende atingir.

C) Aprenda com quem já caminhou por ali: por mais que você se julgue único, sempre alguém teve o mesmo sonho antes, e terminou deixando marcas que podem facilitar a caminhada; lugares onde colocar a corda, picadas, galhos quebrados para facilitar a marcha. A caminhada é sua, a responsabilidade também, mas não se esqueça que a experiência alheia ajuda muito.

D) Os perigos, visto de perto, são controláveis: quando você começa a subir a montanha dos seus sonhos, preste atenção ao redor. Há despenhadeiros, claro. Há fendas quase imperceptíveis. Há pedras tão polidas pelas tempestades, que se tornam escorregadias como gelo. Mas se você souber onde está colocando cada pé, irá notar as armadilhas, e saberá contorna-las.

E) A paisagem muda, portanto aproveite: claro que é preciso ter um objetivo em mente – chegar ao alto. Mas à medida que se vai subindo, mais coisas podem ser vistas, e não custa nada parar de vez em quanto e desfrutar um pouco o panorama ao redor. A cada metro conquistado, você pode ver um pouco mais longe, e aproveite isso para descobrir coisas que ainda não tinha percebido.

F) Respeite seu corpo: só consegue subir uma montanha quem dá ao corpo a atenção que merece. Você tem todo o tempo que a vida lhe dá, portanto caminhe sem exigir o que não pode ser dado. Se andar depressa demais, irá ficar cansado e desistir no meio. Se andar muito devagar, a noite pode descer e você estará perdido. Aproveite a paisagem, desfrute a água fresca dos mananciais e das frutas que a natureza generosamente lhe dá, mas continue andando.

G) Respeite sua alma: não fique repetindo o tempo todo “eu vou conseguir”. Sua alma já sabe isso, o que ela precisa é usar a longa caminhada para poder crescer, estender-se pelo horizonte, atingir o céu. Uma obsessão não ajuda em nada a busca do seu objetivo, e termina por tirar o prazer da escalada. Mas atenção: tampouco fique repetindo “é mais difícil do que eu pensava”, porque isso o fará perder a força interior.

H) Prepare-se para caminhar um quilômetro a mais: o percurso até o topo da montanha é sempre maior do que o que você está pensando. Não se engane, há de chegar o momento em que o que parecia perto ainda está muito longe. Mas como você se dispôs a ir além, isso não chega a ser um problema.

I) Alegre-se quando chegar ao cume: chore, bata palmas, grite aos quatro cantos que conseguiu, deixe que o vento lá em cima (porque lá em cima está sempre ventando) purifique sua mente, refresque seus pés suados e cansados, abra seus olhos, limpe a poeira do seu coração. Que bom, o que antes era apenas um sonho, uma visão distante, agora é parte da sua vida, você conseguiu.

J) Faça uma promessa: aproveite que você descobriu uma força que nem sequer conhecia, e diga para si mesmo que a partir de agora irá usá-la pelo resto de seus dias. De preferência, prometa também descobrir outra montanha, e partir para uma nova aventura.

L) Conte sua história: sim, conte sua história. Dê seu exemplo. Diga a todos que é possível, e outras pessoas então sentirão coragem para enfrentar suas próprias montanhas.


Texto extraído do site:
http://paulocoelhoblog.com/

Ser professor





 
O dia dos professores ainda está longe, mas é sempre bom relembrar a importância e o valor desta profissão.

Por Santuza Abras

“Ser professor é professar a fé e a certeza de que tudo terá valido a pena se o aluno sentir-se feliz pelo que aprendeu com você e pelo que ele lhe ensinou…

Ser professor é consumir horas e horas pensando em cada detalhe daquela aula que, mesmo ocorrendo todos os dias, a cada dia é única e original…

Ser professor é encontrar pelo corredor com cada aluno, olhar para ele sorrindo, e se possível, chamando-o pelo nome para que ele se sinta especial…

Ser professor é entrar cansado numa sala de aula e, diante da reação da turma, transformar o cansaço numa aventura maravilhosa de ensinar e aprender…

Ser professor é envolver-se com seus alunos nos mínimos detalhes, vislumbrando quem está mais alegre ou mais triste, quem cortou os cabelos, quem passou a usar óculos, quem está preocupado ou tranquilo demais, dando-lhe a atenção necessária…

Ser professor é importar-se com o outro numa dimensão de quem cultiva uma planta muito rara que necessita de atenção, amor e cuidado.

Ser professor é equilibrar-se entre três turnos de trabalho e tentar manter o humor e a competência para que o último turno não fique prejudicado…

Ser professor é ser um ‘administrador da curiosidade’ de seus alunos, é ser parceiro, é ser um igual na hora de ser igual, e ser um líder na hora de ser líder,

É saber achar graça das menores coisas e entender que ensinar e aprender são movimentos de uma mesma canção: a canção da vida…

Ser professor é acompanhar as lutas do seu tempo pelo salário mais digno, por melhores condições de trabalho, por melhores ambientes fisicos, sem misturar e confundir jamais essas lutas com o respeito e com o fazer junto ao aluno.

Perder a excelência e o orgulho, jamais!

Ser professor é saber estar disponível aos colegas e ter um espírito de cooperação e de equipe na troca enriquecedora de saberes e sentimentos, sem perder a própria identidade.

Ser professor é ser um escolhido que vai fazer ‘levedar a massa’ para que esta cresça e se avolume em direção a um mundo mais fraterno e mais justo.

Ser professor é ser companheiro do aluno, ‘comer do mesmo pão’, onde o que vale é saciar a fome de ambos, numa dimensão de partilha…

Ser professor é ter a capacidade de ’sair de cena, sem sair do espetáculo’.

Ser professor é apontar caminhos, mas deixar que o aluno caminhe com seus próprios pés…”




domingo, 1 de agosto de 2010

O Poder da Oração




No meu blog posto assuntos relacionados à educação ou a criança, porém não posso deixar de acrescentar aqui um artigo que mostre, independente da religião de cada um, o poder da entrega do ser.
 
“Através da oração…a energia que estava aprisionada é colocada em liberdade e, de alguma forma, objetiva ou subjetiva, interfere no mundo dos fatos.” William James, psicólogo e filósofo norte-americano.

Se alguém perguntasse: “Algum dia você já orou?”, é quase certo que a resposta seria um sim. Mas orar não é assim tão fácil. Não estamos falando das preces apressadas que a gente faz por hábito ou pensando nas contas para pagar e no dentista do caçula. A verdadeira oração envolve dois movimentos da alma: sentir a presença de algo sagrado e desejar, consciente e intensamente, entrar em contato com esse “ algo”. Não é um privilégio de uma ou outra religião. E nenhuma religião é completa sem esse ato. O desejo de um diálogo com o sagrado, transforma-se, nas palavras dos grandes místicos, na experiência de unir-se, de tornar-se “um” com o divino. “Eu sou tu e tu és eu”, proclamam com palavras idênticas o poeta sufi do Islão, Jalal ad-Din ar-Rumi e a mística cristã Ângela da Foligno. Isso é orar.

Por que orar é importante?

Mesmo que você não pretenda chegar ao êxtase experimentado pelos maiores místicos, qualquer pessoa pode extrair grandes benefícios da oração. Segundo o psicoterapeuta Arnaldo Bassoli, o desenvolvimento psíquico passa pela constatação de que existem forças poderosas atuando dentro de nós. Se você não entrar em contato com elas, fica aprisionado no ego e sente um enorme vazio. A oração seria uma das ferramentas para estabelecer esse contato. “A ampliação da consciência, esse fenômeno de suspensão do tempo e do espaço, esse arrebatamento que todos buscam, está aí, o tempo todo, virando a esquina” diz o psicoterapeuta, “basta estar preparado, escolher um bom guia, experimentar um pouco e enfrentar com seriedade suas escolhas”.

Para mudar de vida…

Muitos de nós ainda confundem orar com suplicar. A própria palavra “oração” vem do latim e quer dizer “pedido”. Não se culpe. A súplica é o início do contato. Aprender a orar é um exercício de altruísmo e de disciplina.

O Dali Lama ensina: “ A disciplina interior envolve o combate aos estados mentais negativos, como a raiva, o ódio e a ganância, e o cultivo de estados mentais positivos, tais como a benevolência, a compaixão e a tolerância.” Não é a nossa vida que muda, ou a natureza à nossa volta que fica diferente. É o significado que nós atribuímos à nossa vida ou às coisas que se modifica em contato com essas energias espirituais. “É como olhar para uma pessoa sem amor e olhar para a mesma pessoa com amor”, diz William James, psicólogo norte-americano que viveu no início do século. A diferença é imensa. Cultivar esses valores tem que se tornar parte da nossa vida diária. “Aplicai toda a diligência em juntar à vossa fé a virtude”, aconselha São Pedro (2 Pedro 1, 5-7).

Aprender a orar também exige uma certa humildade. No início, você provavelmente vai se sentir um papagaio, repetindo fórmulas sem perceber que elas têm uma ressonância. É cansativo, mas, aos poucos, seu estado interno de agitação vai mudando e, segundo os budistas, emerge a verdadeira natureza da mente: a compaixão.

Por Adília Belotti


Texto extraído do site:

http://colunistas.ig.com.br/toquesdealma/2009/11/22/o-poder-da-oracao/