terça-feira, 2 de novembro de 2010

As duas gotas de óleo



Aí vai uma excelente dica de leitura.

Certo mercador enviou seu filho para aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto, até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha. Lá vivia o Sábio que o rapaz buscava.

Ao invés de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma atividade imensa; mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma pequena orquestra tocava melodias suaves, e havia uma farta mesa com os mais deliciosos pratos daquela região do mundo.

O Sábio conversava com todos, e o rapaz teve que esperar duas horas até chegar sua vez de ser atendido.

Com muita paciência, escutou atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo de explicar-lhe o Segredo da Felicidade.

Sugeriu que o rapaz desse um passeio por seu palácio, e voltasse daqui a duas horas.

– Entretanto, quero lhe pedir um favor – completou, entregando ao rapaz uma colher de chá, onde pingou duas gotas de óleo. – Enquanto você estiver caminhando, carregue esta colher sem deixar que o óleo seja derramado.

O rapaz começou a subir e descer as escadarias do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher. Ao final de duas horas, retornou à presença do Sábio.

– Então – perguntou o Sábio – você viu as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim que o Mestre dos Jardineiros demorou dez anos para criar? Reparou nos belos pergaminhos de minha biblioteca?

O rapaz, envergonhado, confessou que não havia visto nada. Sua única preocupação era não derramar as gotas de óleo que o Sábio lhe havia confiado.

– Pois então volte e conheça as maravilhas do meu mundo – disse o Sábio. – Você não pode confiar num homem se não conhece sua casa.

Já mais tranqüilo, o rapaz pegou a colher e voltou a passear pelo palácio, desta vez reparando em todas as obras de arte que pendiam do teto e das paredes. Viu os jardins, as montanhas ao redor, a delicadeza das flores, o requinte com que cada obra de arte estava colocada em seu lugar. De volta à presença do Sábio, relatou pormenorizadamente tudo que havia visto.

– Mas onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei? – perguntou o Sábio.

Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado.

– Pois este é o único conselho que eu tenho para lhe dar – disse o mais Sábio dos Sábios. – O segredo da felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo, e nunca se esquecer das duas gotas de óleo na colher.

do livro “O Alquimista” um dos 20 livros mais vendidos de todos os tempos.


6 comentários:

Regina Laura disse...

Que lindo Carmen!!
Preciso reler esse livro. Não me lembrava desse trecho tão inspirador...
Tão difícil isso. Ou a gente se distrai e esquece o principal, ou fica tão preocupado em acertar que deixa de aproveitar de tanta beleza a nosso redor...
Obrigada por compartilhar!!!
Beijo grande

FADINHA disse...

Muito belo, belíssimo trecho do Alquimista.
Contemplar a beleza do mundo, não deixando de ultrapassar os desafios é realmente uma missão difícil, porém com um pouco de perspicácia, conseguimos realizar as mais duras provas.
Tenho procurado ter muita habilidade para não deixar o óleo derramar. Quantas saudades desse livro!
Um beijão e fique com Deus.

Giuliana: disse...

Carmen,

Faz tempo que li os livros de Paulo Coelho, e o que mais gostei foi Alquimista! Para mim é o melhor livro de Paulo.

Nos traz muito ensinamento, muitas lições.

Beijos.

FADINHA disse...

Minha querida Carmem! Era para ter vindo aqui desde ontem... desculpa.
Olha, vc não tem noção do quanto a sua preocupação me fez bem, sabe?
De verdade!
Olha, se vc puder mandar a dieta, eu quero sim, muito.
Meu e-mail é faumablac@hotmail.com
Agradeço mais uma vez o seu carinho!
Beijo no seu coração.

Regina Laura disse...

Oi Carmen, estou passando para avisar que logo a pós a meia noite terá um post com presentinho pra vc. Espero que goste ;)
Bjs

Flaviane Koti disse...

Umas das coisas que sinto por não ter é uma boa memória, embora seja um "dom" presente em vários outros membros da família, devo ter faltado a essa aula, então fiquei sem, rsrs
Li o livro, mas não lembro desse trecho, ainda bem que existem pessoas como vc que nos relembram esses momentos importantes.
bjs

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