segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Gagueira Infantil


Percebi que o assunto é de grande interesse e por isso, estarei postando artigos de outros autores também.

Minha fala parece uma rua cheia de lombadas (Lucas, 9 anos)

Até hoje, há quem aconselhe os pais de crianças pequenas que começam a gaguejar a simplesmente "ignorar o problema" que este desaparecerá com o tempo. De fato, algumas crianças superam suas dificuldades sozinhas, mas - é aí que mora o problema - algumas não. Como saber a que grupo pertence uma determinada criança? A primeira orientação a ser dada para os pais de crianças que começam a apresentar gagueira é justamente não ignorar o problema. Clínicos concordam que o problema da gagueira é muito mais fácil de se prevenir em crianças do que se tratar em adultos. O fato de detectar precocemente e se tomarem as medidas necessárias, é uma das mais valiosas contribuições que um fonoaudiólogo pode oferecer. Algumas perguntas devem ser respondidas e este profissional é o mais indicado para fazê-lo:

- A criança está mesmo gaguejando?

- Se está, quanto o problema progrediu?

- Quando começou?

- Que fatores estavam associados ao aparecimento do problema?

- Quão ciente está a criança do fato de que sua fala está bloqueada?

- Como os ouvintes tentam ajudá-la e como ela responde às suas atitudes?

- Como podemos alterar o ambiente da criança para evitar que o problema se torne pior?

Parte do tratamento de uma criança que está começando a gaguejar é amplamente indireto: trabalha-se para mudar o ambiente através da orientação aos pais. Diversas variáveis devem ser controladas: é útil verificar em que circunstâncias a criança tem as maiores interrupções na fala. Com quem ela mais gagueja? Em que ocasiões (por exemplo: quando está muito cansada, excitada?) A partir do momento em que se descobre como e quando a criança está hesitando, deve-se procurar a modificação destas circunstâncias.

Cabe ao fonoaudiólogo prover sugestões gerais e específicas para mudar a interação no lar e relacionamento pais-filhos a fim de propiciar uma melhora na comunicação. Quando se pode intervir antes que a criança desenvolva medo e reações de fuga e os pais são abertos à orientação, o prognóstico de remissão da gagueira é excelente.

O que pode ser mudado no ambiente da criança:

- Nunca diga para não gaguejar.

- Não faça a criança mais ciente da gagueira do que já está; mas, por outro lado, não faça uma conspiração de silêncio em torno do problema. (Simplesmente ignorar o problema, não resolve).

- Faça a criança se sentir aceita e amada.

- Nunca discuta sua gagueira com outros na sua presença.

- Evite compará-lo com irmãos ou outras crianças.

- Não se deve apenas tentar mudar as atitudes e comportamentos em relação a como a criança fala, mas também tentar modificar as outras atitudes da família, como por exemplo, reduzir a tensão e a ansiedade em geral.

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR:

Crianças de aproximadamente 6 a 12 anos de idade não estão apenas começando a gaguejar; eles lutam quando falam e podem apresentar sinais de medo, frustração e ansiedade. O ciclo de perpetuação já se iniciou e agora é necessário tratar diretamente da gagueira.

O fonoaudiólogo deve preparar uma descrição do padrão da gagueira da criança:

- Quão frequentemente ela bloqueia?

- Quão severas são as disfluências?

- Quão complexo é o momento da gagueira?

Deve também notar comportamentos de fuga, reações de medo e sinais de frustração. Também é importante saber como a criança se vê em relação a seu problema.

Para o tratamento desta faixa etária, utilizo um programa baseado na abordagem do condicionamento operante de Bruce Ryan (1975), baseada no pressuposto de que a gagueira é um comportamento aprendido e que este pode ser desaprendido ou modificado suficientemente para capacitar a criança a falar com razoável fluência. Fatores cruciais para a melhora incluem: pais que cooperam e que participam de um programa de aconselhamento; nenhum registro anterior de tratamento mal sucedido; ausência de outros problemas significativos (outras dificuldades); e quando a criança tem outras fontes de sucesso (esporte, música, por exemplo).

Não se deve usar eufemismos como "este probleminha de fala" e evitar a palavra gagueira: as crianças desta idade respondem a uma abordagem aberta, honesta e objetiva.

Fernanda Papaterra Limongi
Fonoaudióloga - PUC-SP
Pós-graduação e especialização em Afasia e Gagueira na University of North Dakota - USA

Texto extraído do site:
http://www.abragagueira.org.br/


10 comentários:

Regina Laura disse...

Carmen, que post excelente!!!
Um verdadeiro guia para todos os pais.
Parabéns!
Beijos

Mi Satake disse...

Oie!

Carmem, vim retribuir o carinho!

O seu post é exceletne, super importnte. Legal termos acesso a estas infos aqui na blogosfera!

bjão pra vc ta?

Beth/Lilás disse...

Parabéns, Carmen que excelente postagem!@
um grande abraço carioca

Sobrepuja - se disse...

Gostei muito da postagem

seu blog está lindo!!!

=)

Gilmar disse...

Carmem!

Hoje só passei para agradecer-lhe o carinho! Volto depois, com mais tempo, para saborear mais deste lugar!E já está registrado! Embora os números sejam apenas meras marcas, ainda assim, o que é especial é ter você por perto, numa mesma estrada, partilhando passos e apostando nos rumos!
Está valendo!

Meu carinho a você!

Tati disse...

Oi Carmem, obrigada pelo carinho. Seja sempre muito bem vinda.
Gagueira é um tema interessante. Não tive que lidar com ele, a questão aqui em casa é inversa, controlar um garotinho que não para de falar. Destravou a lingua antes dos 2 anos! E é um grande tagarela (mas é uma delícia! eheheh).
Beijos.

A.Tapadinhas disse...

Assunto que interessa a todos, pais ou avós.

Eu, agora avô, agradeço o blogue lindo.

Beijo,
António

De tudo um pouco disse...

Carmen

Gosto demais desses bichinhos chamados PROFESSORES...me ensinaram a ser gente...

obrigada pela visita

beijocas

Loisane

Regina Laura disse...

Ah Carmen, tinha que voltar aqui para agradecer suas palavras!!!
Fiquei muito feliz, você não imagina o quanto.
Obrigada de coração.
Tens uma fã aqui de carteirinha!!!!
Beijão

J Araújo disse...

Carmen, seu blog é de excelente qualidade. Voltarei outras vezes.

Bjs

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