Carla Oliveira
"Quando relaxamos, fazemos um pouco de silêncio, percebemos os menores barulhinhos ao longe... quando nosso corpo está parado, prestando atenção na nossa respiração... aí dá pra acontecer uma mágica. É uma mágica simples, nada explode, nenhum coelho sai da manga do casaco. Devagarinho, aos poucos, percebemos como é grande a nossa mente".
É desta forma que a garotinha que narra o livro Meu Amigo Lama define a meditação. No livro, ela conta aos seus colegas os segredos que um lama tibetano (representante da religião budista) lhe ensinou. Dentre eles, o mais importante: "A paz interna é a coisa mais preciosa que podemos ter". E, para alcançar essa paz, é preciso afastar as "nuvens" que rondam a mente, como os sentimentos e as emoções, e olhar apenas para a própria mente, conhecer-se por dentro. Ou seja, meditar.
Ainda que não consigam entender completamente o sentido da meditação, as crianças podem começar a praticá-la desde pequenas. E, apesar da meditação ser um método adotado pelos budistas, não é necessário seguir a religião fundada por Buda para meditar. Qualquer pessoa pode aproveitar os benefícios dessa arte que nasceu na Índia há milhares de anos.
Por que meditar faz bem?
Para Daniel Goleman, autor de A arte da meditação, o principal efeito da meditação é proporcionar um profundo repouso do corpo enquanto a mente está alerta. A pressão sanguínea e o ritmo cardíaco diminuem, fatores que contribuem para aliviar as dores e fortalecer as defesas imunológicas, além de ajudar o organismo a se recuperar do estresse.
O autor afirma que a pessoa que medita passa a relaxar mais, principalmente após enfrentar um problema ou um desafio, tornando-se menos suscetível ao estresse. Além disso, ela se mobiliza apenas quando é realmente necessário, ou seja, aprende a não encarar qualquer tarefa como um problema ou uma ameaça, como fazem as pessoas ansiosas ou estressadas.
Um teste feito na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, também revelou que meditar pode deixar as pessoas mais felizes. Foi feito um encefalograma do cérebro de um lama tibetano enquanto ele meditava, e o exame revelou um aumento marcante da atividade no córtex pré-frontal esquerdo, região associada à sensação de bem-estar e felicidade.
Mas, apesar disso tudo, o benefício principal da meditação, de acordo com as filosofias orientais, é alcançar o "eu interior". De acordo com Deborah Rozman, no livro Meditação Para Crianças, a meditação aumenta a sensibilidade intuitiva para as manifestações da vida interior, como pensamentos, sensações e sentimentos, proporcionando o auto-conhecimento e trazendo um novo significado à existência.
Aprenda a meditar
Existem diversas formas de meditação. Você pode meditar ouvindo uma música suave ou em silêncio, pode acender um incenso, pode entoar mantras, pode se concentrar em um objeto, em uma parede branca ou ficar de olhos fechados. O importante é que consiga "espantar" os pensamentos e tente alcançar seus níveis mais profundos de consciência. Confira as instruções extraídas da obra de Deborah Rozman:
Escolha um ambiente calmo e silencioso. Sente-se com as costas retas, de maneira confortável, e feche os olhos.
Relaxe todo o corpo. Para fazer isso, tensione cada parte do corpo, contraindo os músculos, e depois solte, começando pelos pés, pernas, nádegas, abdômem, mãos, braços, ombros, pescoço, rosto e cabeça.
Agora, relaxe a mente. Imagine um ponto entre suas sobrancelhas, na parte interior da testa, e focalize sua atenção neste ponto, mesmo que os pensamentos surjam e atrapalhem sua concentração. Depois de alguns minutos, tente sentir seu batimento cardíaco e o ritmo respiratório. Concentre-se apenas nessa sua "música interna". Se conseguir fazer isso, você estará meditando!
Meditação em etapas
Até os cinco anos de idade, a criança dificilmente fica sentada e quieta. Mas, para que os pequenos assimilem mais facilmente a idéia, a família deve dar o exemplo. Se seu filho ainda é um bebê, medite segurando-o no colo. Se já é mais crescidinho, medite em um local em que ele possa permanecer, mesmo que não queira participar - sua única colaboração é fazer silêncio enquanto os outros meditam.
Se a criança quiser meditar, o ideal é escolher um momento em que ela estiver mais calma e não depois de brincadeiras agitadas. Dê as instruções para ela, pausadamente, em um tom de voz suave. Repetir sons vibratórios como "Aaaahhh" ou "Ooommm" provoca uma sensação de vibração na cabeça que ajuda a relaxar.
As crianças de seis a dez anos de idade já estão prontas para realizar a meditação com mais disciplina. Ela deve tentar se concentrar em algum objeto, como os ponteiros de um relógio na parede ou mesmo as nuvens no céu. No início, provavelmente ela conseguirá meditar por apenas três minutos mas, com a prática, sua capacidade de concentração vai aumentando. Para verificar se seu filho está evoluindo, anote quanto tempo dura sua concentração a cada meditação.
Algumas crianças conseguem meditar por até meia hora, mas mesmo que o tempo de meditação seja curto, ele pode ser muito profundo. "Elas não possuem memórias, associações e padrões acumulados nos quais a maioria dos adultos afunda", explica Deborah Rozman. Depois da meditação, incentive seu filho a praticar alguma atividade como desenho, pois ele se sentirá bem mais criativo.
Para as crianças a partir dos onze anos, que estão passando pelo tumultuado período da puberdade, a meditação pode ajudar a superar as dificuldades. Mas, o desafio nessa etapa pode ser ainda maior do que com as crianças. Embora já tenham uma capacidade de concentração bem desenvolvida, os adolescentes podem ter dificuldade em acalmar a mente, pois são inúmeros e confusos os pensamentos e emoções que a dominam.
Texto extraído do site:
http://www.clicfilhos.com.br/
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