sábado, 28 de agosto de 2010

Dando asas aos filhos





Por Carolina Arêas


E no começo, eram eles dentro de nós. Depois de nascidos, foram cuidados com amor infinito, acalentados e protegidos o tempo todo. Mas, passados os anos, o colo dos pais deixa de ser tão interessante frente ao mundo enorme que se abre para eles. E que bom que é assim. Filho se cria pra vida, não é o que aprendemos? Mas qual o momento certo para largar a mãozinha deles e deixar que experimentem - aos poucos - a liberdade pela qual tanto anseiam?

Impossível não olhar para nossos pequenos (para nós, mães, eles nunca crescem, certo?) sem pensar em cuidar e proteger. O zelo pelos filhos faz parte do pacote que ganhamos automaticamente quando os colocamos no mundo. No dicionário, a definição dá força ao que escrevo. Zelar é tomar conta de alguém com o máximo cuidado e interesse.

Mas excesso de zelo pode comprometer a independência e a confiança da criança, já que ela acaba impedida de experimentar e criar suas próprias defesas em relação ao mundo e à vida.

À medida que o tempo passa mais ela aspiram por sua autonomia e caso não tenham aprendido a fazer por si mesmas e com confiança, a dificuldade de adaptação será enorme. Amor em excesso e superprotetor pode, sim, asfixiar e impedir que a criança tenha oportunidade de ampliar

seus limites ,experimentar a vida, descobrir suas fraquezas, sua força e suas habilidades em lidar com as situações.

Chegou a hora?

Descer de elevador sozinho, ir para escola com os amigos, andar de bicicleta sem a supervisão de um adulto. O melhor momento para você permitir? Não tem resposta padrão. O melhor momento para cada um chega naturalmente quando percebe-se o desenvolvimento e o fortalecimento da independência construída no dia-a-dia. Um filho amado, seguro e estimulado a encarar a vida de frente é o aval para pais conscientes permitirem gradativamente que os horizontes sejam ampliados.

E quem disse que seria fácil? Pais e mães loucos de amor por seus filhos às vezes sofrem demais, sempre em busca de ajudá-los a trilhar da maneira mais feliz possível este muitas vezes complicado caminho da vida.

E no caminho deles sempre vai ter uma pedra. Ou galhos, buracos, depressões. O carro que não parou no sinal, o menino que faz bullying na praça, a bicicleta roubada. Isso é fato. Mas se olharmos pela perspectiva de que são desafios que os farão crescer, amadurecer e se desenvolver, o coração acalma. E mesmo quando nosso lado super-hiper-protetor ficar tentado a agir, o melhor é estar em equilíbrio. Ansiedade por si só, além de ser um tormento mental, drena nossa energia e nada faz para ajudar de fato.

A maior contribuição que podemos dar quando não estamos por perto o tempo todo é transmitir pensamentos calmos e amorosos para que eles, mesmo tropeçando um pouco, possam conseguir. E se fortalecer. A frase do jornalista americano Hodding Carter nunca fez tanto sentido: existem dois legados duradouros que podemos deixar para nossos filhos. Um deles, raízes; o outro, asas.

Texto extraído do site:

http://www.personare.com.br/





5 comentários:

Sonia Regly disse...

Carmem,

Seu Blog também é um mimo!!! Muito bacaninha. Obrigada por linkar o Compartilhando as Letras.Vou fazer o mesmo com o seu. Obrigada pelas papavras carinhosas: VALEU!!!!!!

Beijos

Maria José Rezende de Lacerda disse...

É muito difícil dar asas aos filhos, porque ainda estamos presos ao sentimento de posse. Um dia aprenderemos a lidar com o desapego. Belo texto. Obrigada por sua visita ao Arca. O seu blog é muito aconchegante. Voltarei outras vezes. Beijos e ótima semana.

Regina Artes disse...

Olá Carmen, sou mãe de três adolescentes e sei muito bem o que significa passar por todas essas fases...mas a mais difícil realmente acho que é a hora de vê-los voar...já estou quase lá...adorei seu blog...estarei sempre aqui! Beijos!!

reginadecoupage.blogspot.com

Fernanda Reali disse...

"excesso de zelo pode comprometer a independência e a confiança da criança, já que ela acaba impedida de experimentar e criar suas próprias defesas em relação ao mundo e à vida."

eu erro mais aí neste ponto, pois superprotjo para algumas coisas. Moro no Rio, tenho muito medo da violência urbana e do tráfico de drogas, então procuro estar junto sempre e atenta a tudo. O risco é não deixar aque aprendam a se defender sozinhos. Muito difícil acertar entre cuidar e abafar.

bjs

Carmen Mesquita disse...

Vc está certa, Fernanda!

A violência urbana nos deixa muito preocupadas.
Zelar pelos filhos na medida certa sempre é certo.

obrigada pelo seu carinho

beijos

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